domingo, 21 de dezembro de 2008

Renascer...

Um dia me pediram para que mudasse para como era antes...
Um dia me pediram para que nunca mudasse...
Um dia me pediram para que mudasse para algo diferente...

Engraçado...

Como é estranho, as pessoas não te aceitam tal como tu és, mas sempre ficam pedindo que você se adapte a elas, e não o contrário...

Não vivo para agradar a ninguém... Se sente minha falta, me fale, me chame... Quem me conhece, quem eu permiti que me conhecesse, sabe bem como sou e que quem me procura, sempre me encontra.

Quem perdeu a chance de me conhecer realmente, como sou, a quem eu me despi das esquivas artimanhas de proteção, e conseguiu ainda assim perder a chance de me enxergar, nada mais posso fazer... a não ser desejar boa sorte na vida... Pois se já fiz tanto, nada mais posso fazer...

Eu vivo a minha vida, sou como sou, se alguém quer ficar a meu lado, é só vir, pois sempre estive de braços e coração abertos...

Não vou te mudar nunca...
Mas se quiseres me mudar, me perderás tão logo pense que me mudando serei melhor para ti...
Não por maldade, mas porque já tentei me permitir deixar ser mudado por alguém... Deixei que tudo em mim pudesse ser manipulado para agradar a alguém a quem estimava demais...
E no fim, estou com apenas a saudade e uma pedra de gelo encrustada no peito.

Sendo diferente do que sou agora, não serei mais EU, mas apenas algo para te satisfazer o Ego...
E quando satisfeito... me abandonarás como brinquedo antigo nas mãos de criança... Sempre foi e sempre será assim, não porque o humano seja mal, mas porque é humano e tende a isso sempre... por mais que eu tente acreditar que não...

Quem me conhece, sabe bem que a liberdade é a minha asa, que a justiça é minha outra asa.
~Enquanto não desisto completamente de alguém... Ainda me faço presente para a pessoa...~
Sejas puro(a) de coração, não me decepcione
Se me faltares com a verdade, eu te abandonarei...

São versos pequenos, sem muito sentido abstrato, porém, são via de regra comigo.
Mentira, omissão, falta de assumir as responsabilidades... não condizem comigo... nem com as pessoas que escolho estar perto... falte com isso, com a consideração... que logo verá que falto EU a seu lado...

Quer me conhecer melhor? Faz uma pesquisa no google por "cavalos marinhos", e veja se consegue descobrir como ele interage com outros da espécie, como é a "vida" deles, etc... e saberá como ajo na minha vida... em muitos aspectos...

Fora isso, não acredite que tenha algo garantido comigo, pois apesar de ser fiel como um cavalo, posso ir embora como uma estrela cadente... As juras de amor, de amizade, de apreço, são como fumaça... Em breves momentos podem se desfazer por completo...

Sei quem é meu amigo e minha amiga REAL, os que só querem que eu seja o "imaginário", por favor, desliguem isso em si mesmos, pois nunca serei isso na vida de ninguém... Ou sou real, ou não sou nada... Ou sou amigo de verdade, ou não sou nada, pois para mim, não existe amizade "Morna". Ou é calorosa, ou não existe. não existe e nunca existirá meio termo disso na minha vida.

Amigo de ocasião... bem, consigo compreender o termo, mas apenas considero troca de favores e de elogios... Manutenção dos Egos apenas...

A quem me despeço... F., J., entre outros etc... Boa sorte em tudo, felicidades... Adeus...
Espero que os sonhos realizados tenham sido bons...
A quem se aproxima, R., I., W., e outros mais.... Bem vindos a meu mundo, e que seus sonhos sejam realizados (e serão, como irão ver em breve...)...

Joy in Lye Agnon

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Meu Erro


Meu Erro
Os Paralamas Do Sucesso
Composição: Herbert Vianna


Eu quis dizer
Você não quis escutar
Agora não peça
Não me faça promessas...


Eu não quero te ver
Nem quero acreditar
Que vai ser diferente
Que tudo mudou...

Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!
Era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone...

Mesmo querendo
Eu não vou me enganar
Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros
Não há nada de novo
Ainda somos iguais
Então não me chame
Não olhe prá trás...

Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!
Era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone jamais...

Mesmo querendo
Eu não vou me enganar
Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros
Não há nada de novo
Ainda somos iguais
Então não me chame
Não olhe prá trás...

Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!
Era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone jamais...

Não me abandone jamais... (3x)




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Hoje eu resolvi acordar...

Outro dia resolvi dormir...

Descansar, relaxar...
Hoje, porém, resolvi acordar...

Não para dizer que tudo passa, que tudo muda...
Mas para dizer que mesmo que o corpo mude, que a consciência mude, nós, nossa real essência nunca muda.

Invente o que quiser na sua vida, mude de religião, mude de estilo, pinte o cabelo, faça uma tatoo...

Nada te afastará do que você realmente é por dentro...
Você tem algo dentro de si, desde criança, que aos poucos vai aprendendo a compreender, aos poucos vai compreendendo a libertar.

A cada dia, cada momento, vai aprendendo a existir. Existir como pessoa, como VOCÊ!!!

E o restante, é tudo crença para apaziguar os corações que não compreendem isso.

Claro, as religiões, crenças, fazem sempre amenizar o lado do corpo "humano", que faz com que sejamos tentados pelos nossos corpos, nossos desejos, nossos Egos...

Mas no final, cada uma é apenas um fragmento de uma Única Verdade, a qual é como espelho, que foi quebrado e cada um que encontra um pedaço dela, acha que ali se encontra TODA a Verdade.

E assim, vamos afligindo os nossos semelhantes, sem nos dar conta de que fazemos mal a nós mesmos quando não nos damos a liberdade de se doar sem medos...

É estranho, mas acontece... as pessoas tendem a fugir para dentro de si mesmas...
Tendem a culpar os outros pelos erros que elas mesmas cometem.
Tendem a fugir da felicidade como se causasse dor...
E ainda por cima, tendem a negar o que sentem, negar a própria liberdade, não de ter o direito de fazer o que quiser, mas de se permitir sentir o que quiser.

É incrível, porém existe. Pessoas que fazem mal às outras simplesmente por não compreender que todos somos diferentes uns dos outros, apesar das semelhanças que possamos ter... Cada um sente da forma que consegue, enxerga da forma que consegue, vive da forma que consegue...

É extremamente difícil se colocar no lugar do outro, e tentar compreender profundamente o que o outro sente. Mesmo que esse te explique, ainda se torna muito dificil, porque somos tentados a NAO sair da nossa carapaça psicológica, com medo de sermos arrebatados por algum sentimento ou emoção que nos faça depender ou simplesmente esperar pela reação de outrem.

O que é difícil para um, pode ser fácil para outro...

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente
(William Shakespeare)

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...
(William Shakespeare)

Assim, cada dia me torno mais EU.
É uma tarefa um pouco difícil, pois sempre existe o medo.
Sempre existem as intempéries das pessoas a quem nos abrimos, que são as poucas que podem realmente nos ferir.

O importante é sempre continuar...

Em alguns momentos, tem que se deixar levar pelo Ego, deixar ele levar o barco, para depois retomar quando o seu Eu verdadeiro tiver recomposto em suas forças e convicções.

É um processo por vezes doloroso, porém, muito proveitoso.
Sugiro sempre viver intensamente cada momento, seja de dor, seja de alegria...
Uma vida "morna" não faz parte das minhas aspirações...
Tento ser extremista, viver ao máximo, ao extremo, seja na dor ou na alegria.
Não me arrependo de nenhum momento, mesmo os que me deixam recluso, pois é deles que me faço mais forte, quando consigo carregar o mundo nas mãos, vencer os medos e me tornar aquilo que eu escolho ser.

Nada mais a dizer, só digo Adeus a quem se vai, e Boas vindas a quem se achega.

Aloha!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Quem Vai Dizer Tchau

Quando aconteceu?
Não sei
Quando foi que eu deixei de te amar?
Quando a luz do poste não acendeu?
Quando a sorte não mais pôde ganhar?
Não
De longe me disse um não
Mas quem vai dizer tchau?
Onde aconteceu?
Não sei
Onde foi que eu deixei de te amar?
Dentro do quarto só estava eu
Dormindo antes de você chegar
Mas, não
Não foi ontem que eu disse não
E quem vai dizer tchau?
A gente não percebe o amor
que se perde aos poucos sem virar carinho
guardar lá dentro o amor não impede
que ele empedre mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real é expulsá-lo de você
para que ele possa ser de alguém
Somos, se pudermos ser ainda
Fomos donos do que hoje não há mais
Ouve o que houve
E o que escondem em vão
Os pensamentos que preferem calar
Se não
Irá nos ferir o não,
Mas que não quer dizer tchau.

Nando Reis



Esse trecho copiei de um blog na internet: http://www.eusoqueriaumcafe.com


Passamos a vida toda ouvindo que namorados vêm e vão, mas os amigos ficam. Parece até que os amigos são o prêmio de consolação que a vida nos dá, por sofrermos tanto. Mas um triste belo dia descobrimos que não, os amigos também vão. E se não quisermos acompanhá-los ao destino para o qual eles caminham é preciso deixá-los ir. Terminar uma amizade é como romper um namoro: é preciso esquecer os bons momentos, as boas risadas, os abraços, as provas de lealdade, abafar o amor ainda latente, e pensar somente no fato concreto de que não dá mais certo. Aqueles 15 minutos de alegria diária que a amizade provoca não compensam as outras 23 horas e 45 minutos de problemas e brigas nas quais ela resulta. Quando uma amizade está cheia de interrogações é preciso colocar um ponto final e arrancar o restante da página, para ninguém mais escrever. Quando um amigo não acredita mais em você é preciso que você acredite em você e o deixe ir. Quando um amigo não confia mais em você é preciso que você confie em você e o deixe ir. E não há nada mais egoísta do que insistir no que não dá certo apenas para não perder. Não seja covarde, busque o novo! Perca e se reencontre. Liberte seu amigo, torça pela felicidade dele e para que ele consiga com outro alguém ter uma amizade saudável como a que vocês não conseguiram ter. Apoie-se nos seus outros amigos, disfarce o choro, e deixe aquele amigo ir, pelo bem de todos. E se um dia te perguntarem sobre aquele amigo, responda "sim, nós fomos felizes juntos, um dia". E enquanto uma parte dos amigos ainda se lembrar vocês estarão juntos de alguma forma, mais distante, mas não menos bonita.

"Tive tempo de refletir sobre a natureza das coisas e de como algumas pessoas podem nos ser tão necessárias um dia e sumirem no dia seguinte... não era para durar?"
(Três formas de amar - 1994)

*Dedicado aos amigos que a vida me fez reencontrar, para nos desencontrarmos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Amigo é aquele que conhece e ama você como você é

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Amor...

É muito triste que uma pessoa nunca tenha encontrado alguém que a
amasse.
Se essa pessoa pudesse conhecer pelo menos uma outra que lhe dedicasse amor
incondicional - a pura combinação de aceitação e compaixão - , ou se pudesse
sentir-se objeto de afeição e amor, isso teria grande inmpacto e extremo valor
para ela.
Dentro de todos nós existe uma boa semente pronta para despertar e
amadurecer em decorrência das demonstrações de amor.

Paciência

O aprimoramento da páciência requer a presença de alguém que
deliberadamente nos faça mal. Esse tipo de pessoa nos dá a chance de praticarmos
a tolerância.
Nossa força interior é posta à prova com mais intensidade do que aquela de
que nosso guia espiritual seria capaz.
Em essência, o exercício da paciência nos protege da perda da
confiança

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Só sucesso - DANNI CARLOS

Eu não quero só sucesso
Eu quero sossego pro meu coração
Eu até quero esse beijo
Mas se for fácil e por diversão

Eu até vou pra escola
Se me der merenda, informação
Que eu já cansei de ser menino
Hoje eu tô indo noutra direção

I want stay behind your soul
And every where you go
Lá eu estarei
I want stay behind your soul
And every where you go

Eu um dia quis dar tudo
Mas depois notei que não sabia amar
Agora todo mundo é solto
Quem quiser vai embora
E não precisa ficar
Eu quero caminhar tranqüila
Seguindo seus passos é minha decisão
Mais ao mesmo tempo posso
Me cansar de fato e não pisar seu chão

I want stay behind your soul
And every where you go
Lá eu estarei
I want stay behind your soul
And every where you go
Lá eu estarei

Eu não quero só sucesso
Eu quero sossego pro meu coração
Eu até quero esse beijo
Mas só se for fácil e por diversão

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Silencio - Zeca Baleiro

Composição: Zeca Baleiro

Essa noite não tem lua
Eu sei porque vi com meus olhos
Além dos luminosos que não brilham mais
Dorme às escuras a lua

Pra onde vai nosso amor,
Nossa sede?
Há tempos que pergunto isso
Nem mesmo Jesus Cristo
Pendurado na parede
Saberia a resposta

Vem comigo, vem
Já tenho quase tudo que me basta
A flor no pasto
A mesa posta
Minha música e teu calor
Agora só me falta aprender o silêncio.

sábado, 15 de novembro de 2008

Lao Tsé; Tao Te Ching - verso 81

As palavras verdadeiras não são agradáveis.
As palavras agradáveis não são verdadeiras.
O homem que fala muito não diz coisa de valor.
O homem de bem fala pouco e só palavras boas.
Inteligência não é sabedoria.
Sabedoria não é inteligência.
O Sábio não acumula posses.
O que possui, o dá para os demais.
Quanto mais dá aos outros, mais possui para si.
O Tao do céu beneficia sem prejudicar jamais.
O Tao do Sábio atua sem interferir jamais.

Tao Te Ching - Huberto Rohden (Ed. Martin Claret)

Comentários de Huberto Rohden:

Neste último capítulo resume Lao-Tse, mais uma vez, a profunda filosofia de um homem cosmo-consciente. A sabedoria e felicidade não vêm das circunstâncias de fora, mas sim da substância de dentro. Civilização e progresso técnico não representam verdadeira cultura.
A finalidade do homem aqui na terra não consiste em alo-realizações, mas sim em auto-realização. A alo-realização de objetos pode servir de meio para a auto-realização do sujeito - mas não pode jamais substituí-la, nem ser um fim em si mesma , como é a auto-realização. É tão difícil para o sábio adquirir riquezas - como é difícil para o rico adquirir sabedoria.

Infinita Highway

Você me faz, correr demais
Os riscos desta Highway
Você me faz, correr atrás
Do horizonte desta Highway
Ninguém por perto
O silêncio no deserto
Deserta Highway...

Estamos sós
E nenhum de nós
Sabe exatamente
Onde vai parar
Mas não precisamos
Saber prá onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos
Ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e isto é tudo
É sobretudo, a lei
Da Infinita Highway...

Quando eu vivia
E morria na cidade
Eu não tinha nada
Nada a temer
Mas eu tinha medo
O medo dessa estrada
Olhe só, vê você
Quando eu vivia
E morria na cidade
Eu tinha de tudo
Tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia
Era que algo me faltava
E à noite eu acordava
Banhado em suor...

Não queremos
Lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos
Aprender o que sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da Infinita Highway
Highway! Highway!...

Escute, garota
O vento canta uma canção
Dessas que uma banda
Nunca toca sem razão
Me diga, garota
Será estrada, uma prisão?
Eu acho que sim
Você finge que não
Mas nem por isso
Ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens
E os pés no chão...

-Tudo bem, garota
Não adianta mesmo ser livre...

Se tanta gente vive
Sem ter como viver
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde quer chegar
Estamos vivos, sem motivos
Que motivos temos prá estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte
Dessa Highway
Silenciosa, Highway!
Highway!...

Eu vejo o horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar
Completamente enganado
Eu posso estar correndo
Pro lado errado
Mas a dúvida
É o preço da pureza
E é inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
Não corra, não morra
Não fume
Eu vejo as placas
Cortando o horizonte
Elas parecem facas
De dois gumes...

Minha vida é tão confusa
Quanto a América Central
Por isso não me acuse
De ser irracional
Escute, garota
Façamos um trato
Você desliga o telefone
Se eu ficar muito abstrato
Eu posso ser um Bealte
Um beatnik, ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa
Do teu lado...

Por isso garota
Façamos um pacto
Não usar a Highway
Prá causar impacto
110, 120, 160
Só prá ver, até quando
O motor agüenta
Na bôca em vez de um beijo
Um chiclete de menta
E a sombra do sorriso
Que eu deixei...

Numa das curvas
Da Highway
Highway!
Infinita, Highway!
Highway!
Infinita, Highway!
Highway! Highway!
Highway!...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A mente pode trabalhar contra ela mesma

Muitas vezes queremos muito algo: a volta do ser amado, reconhecimento de um trabalho, um novo trabalho, concluir projetos, fazer algo inédito, separar-se de quem nos faz sofrer, ganhar mais dinheiro...

Mas antes de lutarmos um pouco mais por aquilo que acreditamos, já pensamos em desistir. Podemos nem começar o que desejamos ou não sentimos mais a mesma vontade de quando começamos e, sem analisarmos muito os reais motivos, não queremos mais prosseguir naquilo que um dia acreditamos.

Mas será que estamos apenas desistindo por não querermos mais, ou por não nos sentirmos capazes nem merecedores de conseguir? Outras vezes, estamos tão contaminados pelas experiências passadas que não deram certo e, logo no início, já pensamos que dessa vez também não dará e perdemos a esperança. Não conseguimos acreditar que o resultado poderá ser diferente.

Você já percebeu que estamos sempre esperando o pior, por mais que desejemos o contrário? Começamos um novo relacionamento e se o anterior nos causou alguma dor, decepção, traição, já entramos pensando que o atual terá o mesmo trágico fim.

Desejamos um novo trabalho, mas antes de procurá-lo, pensamos em todos os possíveis obstáculos e nos acomodamos no atual, mesmo que a insatisfação continue. Constantemente ignoramos nossos desejos mais profundos, e ficamos apenas relembrando de todas as vezes que tentamos e não deu certo.

Trabalho negativo da mente

Como podemos atingir um objetivo se nós mesmos não nos consideramos capazes ou merecedores de conseguir? Assim, nossa mente trabalha contra ela mesma, mantendo padrões e pensamentos negativos que com certeza irão refletir em tudo que fizermos.

Infinitas vezes nos tornamos nossos piores inimigos, mas só damos atenção aos que estão contra nós, sequer paramos para pensar ou admitimos que muitas vezes, somos nós mesmos que nos boicotamos e não os outros. Quando algo que vem de fora tenta nos prejudicar ou atingir, temos muitos recursos para nos proteger, podemos ignorar, fechar nossos ouvidos e nossos olhos, e seguir adiante, mas quando nós mesmos estamos contra nós, com certeza é hora de parar e pensar nos motivos pelo qual estamos agindo assim.

Por que está tão difícil começar ou continuar a lutar por aquilo que te fará bem e mais feliz? Por que quando entramos num caminho, durante o trajeto, não queremos mais prosseguir naquilo que um dia acreditamos? Pode ser que seja muito mais simples e confortável se manter num relacionamento destrutivo, do que fazer algo para que ele se torne saudável.

Ou ainda, pode ser muito mais fácil continuar sozinho, do que dar uma chance para si mesmo ao começar outro relacionamento. Tudo em nome do comodismo, do conforto inicial, do medo do novo, mas já pensou em longo prazo, como ficará?

Desistir é renunciar. Como renunciar a algo que possa te fazer feliz? Se estiver perdendo o interesse em fazer algo por você, talvez seja o momento de procurar o que está errado. Está sentindo uma tristeza profunda e constante, sem causa aparente? Desconfie. Ninguém fica triste sem motivo. Toda tristeza tem uma causa, que pode estar sendo provocada por alguma situação insatisfatória que esteja vivendo.

Da mesma maneira, se estiver constantemente irritado, cansado, sem energia para nada, algum motivo deve haver. E quanto mais você adiar para se confrontar com a causa de sua dor, mais estará adiando sua capacidade em superar e ficar bem.

Enquanto ficar estagnado, parado, mantendo os mesmos padrões de pensamentos e comportamentos, nada acontecerá e não sairá do lugar, mantendo apenas o papel de vítima, acreditando que tudo de ruim acontece com você, que não é capaz de conseguir nada e que nenhum esforço seu irá adiantar. Tudo isso é mentira! E que por algum motivo um dia você acreditou.

Será que em sua infância não acontecia exatamente a mesma coisa? Toda vez que iniciava algo, diziam que não conseguiria ou duvidavam, e você desistia? Quando contava o quanto estava feliz por algo que estava fazendo ou havia conseguido, alguém conseguia estourar sua bolha de felicidade, desprezando aquilo que acreditava? Será que quando contava algo que queria muito fazer, não vinha alguém e o fazia acreditar que não daria certo? Se isso acontecia, é bem provável que não tenha desenvolvido a confiança naquilo que é capaz de fazer e conseguir, passou a confiar nos outros, na opinião deles, mas nunca em você!

Quando sentir que está perdendo a vontade de ir adiante, seja no que for, e pensar em desistir, pare um pouco e pense o que pode estar consumindo sua energia, sua capacidade em acreditar que seja capaz. Pense nas prováveis causas que faz com que não acredite em si mesmo.

Sim, talvez o caminho não seja tão fácil quanto permanecer naquele que já conhece, mas se não está feliz, satisfeito, seja com sua companheira, seja em seu trabalho, ou alguma situação, por que não escolher um outro caminho que te possibilite fazer diferente?

Ao querer desistir de algo que esteja começando, lembre-se do seu objetivo inicial, pois muitas vezes no meio do caminho esquecemos o motivo que nos fez optar por esse mesmo caminho. Solte o passado triste e toda a dor que ele te traz, permita-se não repetir os mesmos padrões anteriores. Isso apenas consome sua energia e não permite que modifique seu momento presente ou crie um futuro de conquistas.

Com certeza, se persistir, contornando os obstáculos à medida em que forem surgindo, se libertará do que te faz sofrer, irá perceber que você será capaz de conseguir tudo aquilo em que você acredita!

Comece com pequenas coisas do dia-a-dia, ouça mais sua própria voz, ouça mais seu coração, ignore as cobranças externas, e acredite que se você quer, você consegue, seja o que for.

Vamos, respire fundo, levante a cabeça, olhe para trás apenas para aprender o que não deve ser feito mais, aprenda com cada erro cometido, acredite que é possível fazer diferente e assim, o resultado também será diferente. Só não pare, não se acomode, não se contente com algumas situações, apenas por serem conhecidas e trazerem algumas vantagens secundárias. Saia de sua zona de conforto.

Acredite que você merece o melhor, que o novo pode lhe trazer novas experiências, e que recomeçar não é vergonha, mas sim coragem. Coragem em escolher o caminho que lhe fará feliz, que não lhe trará doenças, mas equilíbrio e confiança para seguir adiante, ainda que possa sentir medo, vá em frente, não permita que o medo o paralise, ou que alguém o impeça de seguir o caminho que seu coração, e somente o seu, escolher!

sábado, 8 de novembro de 2008

Renovação...

O amigo é a resposta aos teus desejos.
Mas não o procures para matar o tempo!
Procura-o sempre para as horas vivas.
Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio.

Khalil Gibran

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Inferno e o Céu

Texto e figuras copiados diretamente do blog:
http://kabiakashodo.blogspot.com/2008/08/o-inferno-e-o-cu.html



Um valente samurai certo dia procurou um pequeno monge zen-budista e perguntou:

- Oh, monge, ensina-me sobre o Céu e o Inferno!
- Ensinar-te sobre o Céu e o Inferno? Como ensinar-te alguma coisa? De nada aproveitaria. Tu estás imundo. Exalas um fedor insuportável. A lâmina da tua espada está gasta e enferrujada. Você, como samurai, é uma decepção total. Uma vergonha. Sua presença é detestável. Suma imediatamente da minha vista!...

O samurai ficou vermelho de raiva, a ponto de nem replicar ao monge por palavras. Ele, que sempre se considerou um grande guerreiro, não poderia admitir tanta ousadia. Então, resolveu erguer a espada vigorosamente e preparou-se para decepar a cabeça do monge.

- Isso é o Inferno. Disse o monge com absoluta mansidão.

O samurai, parou, pensou duas vezes na sua decisão e na intervenção do monge. Foi baixando lentamente a espada com o coração apaziguado pela explicação serena do monge que lhe ofereceu a própria vida para esclarecê-lo sobre a natureza do Inferno.

- Isso é o Céu. Rematou serenamente o monge.

Conclusão: a raiva faz da nossa vida um Inferno e a serenidade faz-nos viver no Céu. Quando nos sentimos provocados a ponto de sentir raiva, o melhor é inspirar e expirar lenta e profundamente, enquanto contamos até dez; quando a provocação nos levar a sentir muita raiva, o melhor é continuar contando até cem. De qualquer modo, se algumas vezes fracassarmos, é bom pensar que o erro é um passo para o aprimoramento, desde que o reconheçamos e insistirmos em prosseguir no treinamento para acertar. A cada êxito repetido, o hábito positivo se estabelece gradativamente até que se torne definitivo...

domingo, 26 de outubro de 2008

Monólogo a Três

Texto copiado do site:
http://marconileal.opensadorselvagem.org/monologo-a-tres/

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EGO: Olha ali, é ela, na parada do ônibus!
ID: Rapaaaz! Cês tão vendo? Fi-fiu! Que tesão! Eu arrancaria as calças dela usando apenas os caninos. Depois arranharia as costas todas com a unha encravada do dedão do pé esquerdo. Apertaria cada um daqueles peitões com os sovacos antes que ela pudesse dizer “papanicolau” e…
SUPERGO: Caluda, selvagem! Se você der um passo eu te arrebento a cara e te amarro num poste, nu e lambuzado de graxa.
ID: Uhhhmm, olha como o rapaz tá “nervosa”! Quer me amarrar no poste, é, lindão? Lambuzado de graxa? Não seria melhor usarmos mel? Ui! Vem, vem meu tesudo, me bate, me chama de Idinho, me sodomiza…
SUPEREGO: Eu vou matar esse cara!
ID: Ai, que voz grossa! Fiquei todo arrepiado!
SUPEREGO: Vem cá, canalha, que eu te esgano!
EGO: Fiquem quietos, vocês dois! Será possível? A moça é aquela ali. Pela descrição, é aquela ali. E agora? Que é que eu faço?
ID: Como “o que é que faz”? Vai lá e, pra não assustar muito, começa massageando o clitóris dela com o cotovelo, por cima da calça.
SUPEREGO: Cala a boca, indecente! Parece que não tem mãe!
ID: Tenho, sim, e das gostosas! Só não comi até hoje por conta dos teus recalques…
SUPEREGO: Agora eu te castro, demônio!
ID: Ih, lá vem ele de novo com essa fixação!
EGO: Pára! Pára! Pô, eu numa aflição dos diabos aqui e vocês dois discutindo! Que cacete!
ID: Cacete? Onde? Onde?
SUPEREGO: A culpa é desse anormal! Sacripanta!
EGO: Chega! Será que dá pra ter um pouco de consideração? É o primeiro encontro. Eu tô nervoso.
ID: Tá nervoso porque não fez o que eu mandei.
EGO: E o que foi que você mandou?
ID: Disse pra tu fazer o cinco a um.
EGO: Ahn?
ID: Sacolejar o careca.
EGO: Quê?
ID: Podar a mandioca.
EGO: Como?
ID: Enforcar o pelado.
EGO: Do que é que cê tá falando, afinal?
SUPEREGO: Masturbar-se. O caso patológico aí queria que você se masturbasse pra passar a tensão. Não escute o que ele diz. Trouxe as rosas, não trouxe?
EGO: Trouxe.
SUPEREGO: E a caixa de bombons?
EGO: Sim.
SUPEREGO: Pois muito bem. Agora você vai até ela, deseja boa-tarde, apresenta-se e pede permissão pra se sentar ao seu lado.
ID: É, aí depois vocês dispensam a dama de companhia, dão um passeio de coche e vão até uma loja de chapéus. Tenha santa paciência! Isso daqui é o século XXI, mermão! Tu acha o quê? Que a tesuda aí acabou de sair de dentro de um livro de José de Alencar? Seguinte, vai lá e diz: “E aí, benzinho? Cheguei. Tá a fim de dar uma?”
EGO: Sem nem me apresentar?!
ID: Tudo bem. Tem que se apresentar, claro. Então tu chega e diz: “Oi, chamego. Tudo bom? Pega na minha e balança”.
SUPEREGO: Cala a boca, sujeito! Você não sabe de nada!
ID: Olha que eu sei de coisas que tu nem imagina!…
SUPEREGO: Sabe nada!
ID: Sei, sim, Jandira.
SUPEREGO: Sabe na… Jandira? Por que é que você tá me chamando de Jandira, seu pulha?
ID: Ah, não lembra, né? Sabe aquele teu priminho de Taubaté, que vinha passar férias contigo? Como ele te chamava, nas brincadeirinhas de vocês dois no banheiro? Hein, hein?
SUPEREGO: Mentira! Isso nunca aconteceu! Calhorda!
ID: Aconteceu, Jandira. E olha que não vou falar nada daquela ereção que tu teve quando sentou no colo do titio Afonso…
EGO: Parem com isso, pelo amor de Deus!
SUPEREGO: É esse imoral, aí! Será que você não pode agir feito uma pessoa racional pelo menos uma vez na vida?
ID: Claro que não. Tu nunca leu Freud, ô engomadinho?
SUPEREGO: Não usa o nome de Freud em vão, hein? Seu reichiano de meia-tigela!
ID: Ai, que “meda”!
SUPEREGO: Eu vou te matar!
EGO: Parem com isso! Vão assustar a moça!
ID: Mata, mas me mata gostoso! Ui! Me pega de jeito, neném!
SUPEREGO: Vem cá, safado!
EGO: Olha aí! Olha lá, seus idiotas! A moça foi embora, tão vendo?! Foi embora!
SUPEREGO: Quem mandou dar ouvidos a esse crápula? Um sujeito que faria sexo com ele mesmo se conseguisse!
ID: Vai dizer que tu nunca tentou?
SUPEREGO: Salafrário! Ignorantão!
EGO: Depois de tanto preparo, lá se foi o meu encontro! E é tudo culpa de vocês! Tudo culpa de vocês dois! E agora, me digam? E agora? Como é que eu fico? Posso saber?
ID: Quem sabe a gente não pega aquele negão ali, que também tá esperando o ônibus?
SUPEREGO: Será possível que você só pensa em sexo, seu cavalo?
ID: Claro que não. Também penso em torturar e maltratar as pessoas.
EGO: Inacreditável! Tudo bem, certo, fiquei sem o encontro. Mas já sei o que vou fazer com vocês. Ah, sei! Vocês me pagam. Vou agora mesmo na minha analista. Agorinha. Vocês vão ver! Venham! Vamos! Andem pro divã!
ID: Ana-nalista?
SUPEREGO: Aquela… junguiana?
ID E SUPEREGO: Não! Isso, não! Por favor! Não!

Encarando(me) de frente - Um Sinto muito a todos

Nos últimos dias reconheço que literalmente "surtei"...

Aos que notaram antes de mim, eu sinto muito, pois fui cego e teimoso. Não fui boa companhia por vários momentos. Agora é encarar e mudar as minhas reações, tornando-as conscientes e não me deixando viver o passado, mas sim somente o presente. Sem nóias, sem delusões quanto a qualquer coisa. Sem ficar deixando minha imaginação criar frutos ilusórios, sem deixar minha imaginação me fazeracreditar que o que acontece é X quando na realidade não passa do que "é".

Parei para revisar os posts do Blog, e notadamente tem coisas muito insanas. Principalmente no último mês.

Algumas por pura poesia, outras por pura dor de cotovelo. Em momentos que me senti sozinho ou isolado. A minha incapacidade de ter enxergado esse problema até esse momento, me cegou quando mais precisei estar consciente de tudo.

Mas apesar dos pesares, finalmente consegui enxergar parte de tudo isso. Não sei calcular o prejuizo que posso ter causado com as minhas amizades. Espero que não perca nenhuma delas.
Pois meus amigos e amigas, são um tesouro que tenho em vida, estou apredendo a deixá-los livres para irem e virem quando quiserem. Mas quando estive presente com todas as pessoas, todos meus amigos, na maior parte do tempo, eu estava lá por completo, sem presença marcante dessa outra parte. Mas de uns dias para cá, comecei a notar reações minhas que eu mesmo não estava controlando ou tendo com um nível de consciência de onde estavam vindo.

Ainda não cheguei ao ponto que pretendo, que é ter acesso direto às memórias que me fazem esse mal todo. Aceitá-las e aprender a conviver com esse passado. Já achei boa parte delas, já encontrei possíveis razões, mas não vou me deixar parar até chegar à raiz de tudo isso, não irei parar até encontrar a primeira causa, e conseguir apaziguá-la no meu coração.

Um momento, um simples momento, uma voz que não se fez presente num momento em que se criou uma expectativa, causou essa reação toda... Não causou realmente, apenas trouxe à tona isso tudo... Quem fez isso tudo, quem ocasionou tudo, FUI EU e somente eu, em um momento em que eu deveria viver plenamente, eu (sei lá por quais razões) deixei alguma porta ou janela aberta, e sentimentos do passado que eu acreditava terem sido resolvidos, se atravessaram com a realidade e se misturaram com o que eu estava vivendo, e de repente eu já nao vivia o presente, mas sim o passado dentro do presente, e já sabemos onde vai dar isso...

Como o cativo que se liberta, um "eu" se soltou das amarras, e se fez presente, trazendo dor onde não havia nada doloroso para sentir... e desse momento em diante, meu sorriso não se manteve puro. Dia a dia foi se extinguindo, sem que eu notasse, e transferindo a responsabilidade para longe, ao invés de olhar para dentro, acabei olhando para o entorno. Tentando achar culpados, transferir a culpa, transferir a MINHA responsabilidade sobre meus sentimentos e meus atos.

Confesso que houveram pessoas que sofreram perdas com essas minhas reações "adversas". Meus momentos desconexos, meus momentos de distanciamento da realidade.

Meu Ego, assumo, se apegou a uma(várias) idéia(s) e criou devaneios. Ilusão, delusão, devaneio, seja lá o nome correto, esse Ego, me fez acreditar em coisas insanas, que realmente não existiram.

Eu estava sempre lá, mas não era totalmente eu, mas uma parte que estava dominando o todo, eu estava lá, mas com uma parte de mim, querendo algo que eu não sabia.

Descobri (devido à crise depressiva de sexta para cá) , notei que havia perdido parte (ou totalidade) da minha capacidade de reagir bem a estímulos que me recordem ou tragam a idéia ilusória ou real de rejeição.

Já sei o ponto a trabalhar, como foco principal "os apegos do Ego", e as minhas reações aos condicionamentos anteriores, descobri que quando me vejo em uma situação que me leva a crer (mesmo que erroneamente) que fui rejeitado de qualquer forma, é disparada uma série de reações sutis que eu não tinha percebido até então. Mas que somadas, se tornaram uma bola de neve, me levando a praticamente um surto. Ainda tive, durante esse processo auto-depreciativo, condições de me inter-relacionar com outras pessoas, apesar de não estar mais 100% eu mesmo, e a cada dia definhando mais minhas condições internas. Meu Ego me forçou a exaurir minhas forças, pelo menos os motivos e atitudes nao foram todos em vão, ajudaram a algumas pessoas (talvez um pouco menos a mim). Sei que a partir de agora, devo me conscientizar melhor, tomar mais as rédeas, ficar mais centrado.

Já descobri, pontos outros, para ir trabalhando: os "apegos desse Ego" - desejo de nao estar só; de se sentir útil, necessário ; de ser importante para alguém(não importa quem seja); sentimento de culpa (ilusória ou não); sentimento de inadequação às pessoas e realidades; sensação de perda; mania de perseguição; apego emocional; apego a sensação de ser um benfeitor; sentimento de proteção; entre outras formas.

É extremamente difícil para mim nesse momento relatar isso tudo. Ainda mais revisando meu último mês e vendo que quem mais esteve próximo a mim, acabou levando parte dessa carga que estava presente em mim. Sinto muito a todos a quem ofendi, causei incômodo ou sensações ruins, devido a essas coisas que estavam por sob meus olhos e eu não conseguia ver. Sei que é normal para alguns esses momentos que passei, sei que quem realmente me considera, poderá ao menos tentar compreender. Mas mesmo assim sei que devo ter sido bem chato em vários momentos, sinto muito por isso, de coração, a todos. E prometo que vou passar a cuidar mais disso, a partir dessa semana, é terapia/análise para mim.

Agradeço todos os dias por ter amigos e amigas que não desistem de mim. Apesar disso tudo.
Agradeço todos os dias por ter amigos que me mostram a verdade, mesmo quando eu ainda não tenho condição de enxergar por completo.
Agradeço por ter amigos que têm essa paciência de me mostrar as coisas aos poucos, e aos que mostram tudo de uma só vez.
Agradeço pela vida que tenho, e por todos que são parte da minha.
Agradeço pelo mundo, sempre provar que ainda existe esperança e que nada é permanente.
Agradeço por tudo mudar, por tudo estar mudando continuamente.

Agradeço a todos que têm esse link para esse blog e podem nesse momento ler essas palavras.

Obrigado a tudo e a todos.

O Ego

Retirado do Blog da Monja Isshin na internet
http://monjaisshin.wordpress.com/2007/06/20/o-ego/




Me fizeram uma pergunta bastante interessante outro dia:

“Agora aqui vai uma pergunta que estou querendo fazer há muito tempo. O Buda falou (ou dizem que ele falou) que o apego gera sofrimento e que para acabar com o sofrimento temos que acabar com o apego. Certo?? Pois bem, com o Zazen tenho tomado consciência do meu enorme apego ao meu EGO!! É verdade. Parece que eu me dou muita importância. Pois bem, o que é que é que eu faço agora? Qual é o exercício para diminuir o apego ao EGO. Continuo sentando e meditando??”

Hmmm. Vejo duas respostas para esta pergunta.

Primeiro, que bom que você tem apego ao seu ego! Um ego saudável é absolutamente necessário para a gente funcionar direito neste mundo! Então, por favor, cuide bem de seu ego! Aí surgem as questões de como fazer para ter um ego saudável. Quem teve a bênção de crescer numa família saudável, provavelmente já tem um ego saudável. Mas, dependendo da história pessoal de cada um, às vezes, pode ser conveniente e apropriado fazer terapia com um bom psicoterapeuta (psicólogo ou psiquiatra) com quem sentimos afinidade. Os traumas pessoais podem prejudicar o funcionamento adequado do ego. Têm coisas que somente uma boa terapia podem resolver. A Espiritualidade não pode substituir a terapia nestes momentos. Também, a terapia não pode substituir a espiritualidade e aí vamos para a segunda resposta.

Em lugar de ficar numa dualidade de apegar-se ou desapegar-se do ego, que tal pensar em termos de “transcender” o ego, encontrar aquele espaço de não-dualidade onde você possa manifestar a sua Natureza Buda naturalmente? Com isto, poderá deixar o ego cumprir o seu papel sem que ele tente ser mais do que é.

A nossa prática não é bem para “matar o ego”, mas, de certa forma, domesticá-lo, deixá-lo fazer aquilo pelo qual existe, sem mais nem menos. Para isto, primeiro, temos que acolhê-lo com o mesmo carinho com que acolhemos uma criança e aceitá-lo como ele é - parar de brigar com ele. A partir desta aceitação, ganhamos espaço e tranqüilidade para observá-lo e aprender como ele funciona - para depois “administrá-lo” e escolher de que forma seria mais próprio deixar o ego se manifestar no mundo.

Temos, sim, que nos desapegar do orgulho, das raivas e ressentimentos, dos medos, e toda uma série de gostos e desgostos, opinões, conceitos e preconceitos e aprender a vivenciar cada momento em sua plenitude. Não vamos deixar de ter sentimentos e emoções, mas vamos aprender a não ser controlados, nem movidos, pelas nossas emoções. Não vamos deixar de ter pensamentos, mas vamos aprender a não ser controlados, nem movidos, pelos nossos pensamentos.

Mais ainda, não vamos mal-interpretar a própria palavra “desapego” - não vamos deixar de nos relacionar com os outros, de amar e ser amados, mas vamos, sim, aprender a respeitar os outros e não ficar tentando controlá-los, nem nos deixar ser controlados.

Então, como vamos fazer? A nossa prática é formidável e tem três aspectos, nenhum dos quais deve ser esquecido: o Zazen, corretamente sentado; o estudo do Darma, através dos textos e com o relacionamento com um professor de Darma; e a prática dos Preceitos, junto com uma Sanga saudável.

Quando um destes elementos falta, a nossa prática vai ficar limitada, mas não é por isto que não vamos fazer o melhor que podemos.

Mesmo que não tenhamos professor ou mesmo que não tenhamos Sanga, podemos sentar zazen, estudar os textos e nos esforçar ao máximo para evitar quanto mais possível as armadilhas do caminho. Podemos considerar todas as pessoas em nossa volta como os nossos professores, cada um ensinando, de seu jeito, um pedacinho do Darma. Podemos considerar todos os acontecimentos de nossa vida como o Darma se manifestando, nos ensinando constantemente. Podemos considerar todas as pessoas com quem nos relacionamos como a nossa Sanga, grupo com quem praticamos os Preceitos. Mas, o caminho solitário é muito, muito difícil.

Melhor seria praticar com um grupo, pois, se o grupo zelar mesmo, sempre procurando manter os preceitos, todos vão poder se ajudar mutuamente na prática. É o espaço perfeito para exercitar a gratidão e a compaixão, observar as nossas ações, junto com pessoas que compartilham a mesma prática. Mais uma vez, se não tiver professor de darma, alguém que já passou por treinamento, vai ser bem mais difícil. Mesmo assim, não é por isto que não devemos procurar praticar da melhor forma possível, especialmente se temos uma pessoa com “rakusu” (que já recebeu os preceitos) para co-ordenar o grupo. É só tomar bastante cuidado, o tempo todo, para não cair nas armadilhas de auto-ilusão ou de ilusão-grupal. Para isto, a constante re-lembrança dos preceitos e prática de arrependimento, constante reflexão sobre o seu próprio comportamento e ações são necessárias.

Sentar zazen e mais zazen é imprescindível - mas somente sentar zazen daria num beco sem saída, pois, sem o estudo do Darma e a Prática dos Preceitos, depois de um tempo, o zazen acaba estagnando-se, sem progredir além de um certo ponto. Tem que ser Zazen corretamente sentado, e isto não é fácil. Como saber se o seu zazen está correto? Isto também não é fácil, mas, em princípio, mesmo que a gente senta “sem objetivo, sem meta”, mesmo assim, quando o Zazen é correto, a gente deve perceber aprofundamento da prática, abertura cada vez maior do Olho de Sabedoria e Coração de Compaixão, constante auto-transformação.

E nesta auto-transformação, que possamos nos tornar a Paz, transcendendo o ego pequeno, manifestando mais e mais a nossa Natureza Buda.

Que os méritos de nossa prática possam se estender a todos e que possamos todos nos tornar o Caminho Iluminado.

Gassho,

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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

TAO e CHI

O Céu é magnífico, flexível e grandioso.
A Terra é compacta, firme e linda.
O ser humano é filho do Céu e da Terra.
Ou seja, é grandioso e lindo, verdadeira maravilha da natureza em equilíbrio.
A riqueza de todos os seres é o Chi*.
O ouro da natureza se espalha pelo ar e faz a vida acontecer de formas variadas.
Quem harmoniza o Chi em si mesmo é detentor de grande riqueza.
O ouro brilha em seu sangue e em seus ossos.
É isso que os sábios chamam de “o ouro circulando pelo templo secreto”.

* * *

O corpo, beleza da Terra.
O espírito, maravilha celeste.
Ambos são expressões do TAO, ao qual tudo remonta.

* * *

O Céu e a Terra são duas grandezas do Chi, Yang e Yin, em seu movimento perpétuo, no ir e vir, na alternância dos ciclos vitais. Entre essas duas grandezas, o ser humano, por onde o Chi também circula e opera a grandeza da manifestação vital.

* * *

O Céu e a Terra, Yang e Yin; entre os dois, o homem; circulando nele, o Chi.
E em tudo, o TAO!
Eis aí a Grandeza das grandezas.

* * *

O TAO opera na misteriosa urdidura dos princípios vitais.
Esse é o grande mistério: só o TAO é que sabe o que é o TAO!

* * *

Olhe a flor do lírio-branco desabrochando alegremente e saudando a luz solar e o azul do Céu. Ao mesmo tempo, ela agradece o apoio e a nutrição da Terra. Para desabrochar na natureza ela teve que nutrir-se das profundezas do solo.
Por isso ela agradece ao Céu e à Terra, e ao Chi secreto, que lhe permitiu ser una com essas duas grandezas da natureza.
Olhe a flor do lírio-branco, riqueza do Céu e da Terra, e aprenda algo com isso.

* * *

Aprenda: o lírio-branco tem a capacidade de absorver cargas psíquicas densas aderidas ao corpo humano e sua aura.
Medite com um lírio-branco** perto de seu corpo, respire sua fragrância e sinta-se rejuvenescido. E depois, agradeça ao TAO, origem de sua vida, do lírio, do Chi e de tudo.

* * *

Medite: se você é uma grandeza entre o Céu e a Terra, então, jamais se permita ser engolfado pelas ondas da tristeza. Opere a graça do Chi em si mesmo. Faça a energia circular sadiamente pelo seu corpo (pelo sangue e pelos seus ossos).
Seja rico de luz. Seja feliz, por dentro e por fora, em cima e embaixo, à esquerda e à direita, à frente e também atrás, em corpo e espírito, sempre agradecendo ao TAO, a Grandiosidade das grandiosidades.

* * *

Na misteriosa urdidura vital do universo, o TAO.
Entre o Céu e a Terra, você.
Circulando, indo e vindo, o Chi.
Uno em si mesmo, harmonize a mente e o corpo no Chi do coração.
Respire a fragrância do amor sem fronteiras.
Pense com alegria naquele poder incomensurável, que faz acontecer o brilho de incontáveis estrelas na imensidão do tapete sideral; aquele mesmo poder incognoscível, que faz a vida acontecer em seu coração.


* * *

Pense num buraco negro, o TAO está lá!
Lembre-se de um sorriso, o TAO está nele!
Na criança e no ancião, no Céu e na Terra, no espírito e no corpo, no dia e na noite, no sol e na lua, no centro dos amantes, no cerne da vida e em tudo o que você pensar, lá estará o TAO!
Isso não se explica, só se sente.

* * *

O TAO é o inominável, mas quando as pétalas luminosas do lírio de seu coração se abrem, rendidas ao poder maior, o nome disso é AMOR.

* * *

O TAO não pode ser explicado ou descrito pela linguagem comum, mas aquilo que os homens sentem pode ser chamado de pulsação da luz.
O TAO é o incognoscível, que jamais será limitado pelos conceitos humanos, mas, poderá ser sentido naqueles momentos em que o coração se torna igual ao lírio branco.
Por isso se diz que os sábios são semelhantes às flores: é que eles desabrocham a serenidade constantemente e sempre agradecem ao TAO, por tudo.
Eles são capazes de absorver as dores da humanidade, e as transformam em suaves harmonias de Chi.
Por isso se diz que eles são de ouro.
E eles sempre aconselham a todos: “agradeçam ao TAO”.
Sejam ricos, sejam felizes!
Vivam com luz e amor.
Sejam grandezas, como o Céu e a Terra.
E jamais se esqueçam: nos nove mundos siderais o Chi brilha muito.
Brilhem junto”.


P.S.: O TAO é o TAO, e só Ele é que sabe o que é!

Quanto a nós, sejamos apenas nós mesmos, melhorados a cada dia, mais serenos e lúcidos a cada manhã, mais amorosos e alegres em cada anoitecer, mais agradecidos ao TAO, por também sermos grandezas entre o Céu e a Terra.

O Céu é magnífico, a Terra é linda, e o ser humano é uma das grandezas da natureza.

No Céu, na Terra e em todos os seres, o TAO, a Grandeza das grandezas.



- Tao-Chi*** –
- Notas:

* Chi (do chinês): força vital, energia.
** O lírio-branco é considerado um símbolo de pureza dentro de várias tradições espiritualistas. Para melhor compreensão do leitor, reproduzo na seqüência uma descrição detalhada dessa flor, extraída da enciclopédia “Plantas Que Curam”:

- Lírio-branco: Nome científico: Lillium candidum / Família: Liliáceas.

Descrição: “Nativo da Ásia, o lírio-branco pode ser visto com freqüência nos jardins brasileiros. Trata-se de planta herbácea que chega a medir até um metro e meio de altura, possui bulbo grosso e escamoso, folhas estreitas e longas e haste reta.

Na extremidade da haste desabrocham, entre o final da primavera e o início do verão, belíssimas flores brancas e intensamente perfumadas em cachos grandes, que simbolizam a pureza e por isso utilizadas para enfeitar os altares das igrejas. Para fins medicinais, empregam-se os bulbos, frescos ou secos, e as pétalas das flores.”


*** Tao-Chi: Equipe extrafísica de amparadores ligados à egrégora (atmosfera espiritual) do Taoísmo. Originalmente eram duas equipes: a equipe Tao e a equipe Chi. Posteriormente, as duas equipes se fundiram numa só: Tao-Chi.

Esse grupo me passa ensinamentos oriundos do Taoísmo adaptados à realidade ocidental e aos estudos espirituais modernos, notadamente sobre as projeções da consciência e os estudos de Bioenergia. São exímios manipuladores de energia e ajudam a muitos projetores.


Obs.: TAO (do chinês): "O Caminho"; "a essência de tudo"; "O Todo". Na verdade, o TAO não pode ser descrito ou explicado por palavras humanas. Por isso, deixo a cargo do sábio Lao-Tzé uma explicação mais apropriada:


"Há algo natural e perfeito, existente antes de Céu e Terra.
Imóvel e insondável, permanece só e sem modificação.
Está em toda parte e nunca se esgota.
Pode-se considerá-lo a Mãe de tudo.
Não conhecendo seu nome, chamo-o TAO.
Obrigado a dar-lhe um nome, o chamaria Transcendente."

- Lao Tzé - in "Tao Te King" – China, Século VI a.C.



**** Alguns dias depois de ter recebido esse texto, um dos amparadores do Tao-Chi me passou os três seguintes toques espirituais e projetivos:


1. Quando você sorri, o Chi circula melhor por seu corpo e em seu espírito.

2. Durma igual criancinha!
Respire leve, solte-se.
Sinta-se seguro, amparado pelo TAO.
Seja sereno e feliz!

3. Ninguém voa carregando muito peso.
Retire o excesso.
Tenha sucesso!
Esteja certo.
Alegria é remédio.
Amor é a ação.
Paz é fazer o certo.
Unir-se ao Chi é sorrir.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Lótus e a Concha (2° dia)

No segundo dia da descoberta

Voltei aos lugares onde achei as conchas.
Por incrível que pareça, lá, na extensão da mesma praia, a qual percorri inteira, achei várias outras.

Nunca vi tantas em tão bom estado, em tão forte coloração.

Em determinado ponto, notei que estava em uma parte da praia, onde somente haviam conchas ainda ligadas.

Ao final da caminhada, evitei pensar em quaisquer acontecimentos, somente caminhei, observando e coletando as conchas que me chamavam a atenção.

Ao todo 29 conchas, dentre as quais, 25 rosadas, e dentre estas, 6 ainda ligadas, e destas, 3 com ligações muito fortes ainda.

A sensação durante o processo... foi de que nada há a perder... a não ser a capacidade de se deixar ligar.

Tantas conchas sem o par... Poderiam ser mais fortes as ligações entre elas...
Tantas conchas sem o par, mas que precisavam se separar para cumprir sua função.

Tantas conchas sem o par...

E neste espaço onde caminhei, existia beleza, mesmo observando que havia ali a ausencia de toda a quela vida que poderia ainda estar existindo dentro das conchas.

As partes separadas, davam um ar belo às areias mais escuras da praia.

Apesar de algumas conchas serem bonitas juntas, devem se separar para sua beleza aumentar e poder valorizar ainda mais as que ainda estão unidas.

Em alguns lugares, nao existem muitas conchas unidas... em outros há muitas...
Onde será que vale mais uma unida?

A parte real do que caminhei, foi ver que as conchas, apesar de parecerem "tristes" ao estarem separadas, não o são... pois ainda irradiam beleza, na sua simplicidade.

Assim devemos ser...

Explico

Quando temos um relacionamento em nivel mais profundo, temos receio no inicio, pois um vinculo que promete ou supoe-se vir para ser duradouro, assusta. E assusta como nunca. Pois ao primeiro momento, temos receio de ficar presos a algo por mais tempo do que desejaríamos, ficar presos por obrigação...

Nossa mente fica poluída com pensamentos estéreis de sensações tristes. As quais ainda podem ser regadas por vestígios do nosso passado, ou lembrança do passado de outras pessoas, ou ainda, mera especulação negativa.

Após o primeiro momento, quando se supera e ainda não se vive a real ligação, temos medo do fim. quando as partes se separarão.

E em alguns casos, tentamos adiantar o fim, sem ter nem tido ou vivenciado o começo.

O medo de se entregar a essa ligação mais profunda nos causa pavor em alguns momentos, e se nos entregamos a essa sensação, estaremos nos limitando a uma sequencia de fatos nao agradáveis, que nós mesmos estaremos criando, a partir de nossas proprias atitudes. Para depois podermos acusar o outro lado da concha como culpado por isso.

No final, resta ainda as ligações mal encerradas.

Como quando ocorre com as nossas vidas, quando nao conseguimos desapegar de determinadas pessoas que passaram bons momentos conosco.

Aí pode se criar um vínculo vicioso, onde as duas partes mesmo aparentando estarem livres uma da outra, ainda tem algo, por mais invisivel que seja, as aprisionando uma à outra.

Em alguns casos, o vínculo verdadeiro ainda se mantém, mantendo ainda a ligação, mesmo nao existindo a mesma vida entre o casal. Isso não significa que se refira a um casal que more na mesma casa sem se amar, mas sim um casal que mesmo separado, ainda permite o amor viver entre os dois, mesmo sabendo que juntos, não podem manter esse mesmo amor.

Estranho, mas existente. Existem pessoas que se dão melhor após o rompimento das relações do que quando vivenciavam uma relação intima entre os dois.

Em raros casos, quando estão separados, o vinculo aumenta.

Mas o que estive delirando até o momento?
E sobre isso que tento explicar.

Essas são minhas experiências para encontrar a mim mesmo.
Não digo que seja sempre assim, é assim de "onde" eu vejo.

A experiência me ensinou a finalmente libertar mais os pensamentos, sentimentos e reações, afim de que saiam, e fiquem em paz. E me deixem em minha paz. Com minha paz.

A destruição de mais um Maya ocorreu, e ainda há alguns para serem descobertos.
E outros para serem sumariamente eliminados.

Mudanças sempre ocorrem.
Diferenças sempre existem.
Nada permanece sempre igual, nem mesmo as pedras.
O mar, mesmo parecendo sempre o mesmo, tem sua vazante e sua cheia.
A areia da praia, mesmo parecendo sempre estar ali, a todo momento tem suas mudanças.
Mudando um grão de lugar, tudo muda, já não é a mesma praia.

No Taoísmo, aceitar com simplicidade e humildade os fatos, se abrir para o novo, e não se concentrar no resultado desejado, mas sim no momento vivido, o resultado simplesmente aparece quando retiramos o foco do mesmo, é o que concentra a aquisição da sabedoria.

O foco errado no caso das conchas, seria querer a ligação em si, mas sem se dar conta de que é necessária a participação de ambas as partes. Assim sendo, se estaria ignorando parte integrante da solução do problema, se só se observar o foco.

No caso, a equação, depende de 3 variaveis, o par, e o elo que os une. Sendo que o elo aparece quando eles se aproximam. Se eles não se aproximarem, o elo não pode ser criado. E nao pode criar a eles como um novo ser, que seria ali como uniao dos 3, o par e o elo...

O que descobri hoje... Devo desapegar plenamente desses ultimos mayas que ainda me perseguem.
Devo me desapegar de tudo e de todos que me tornem diferente de minha própria essência, para conquistar meu Eu verdadeiro.

A Lótus e a Concha


Antes de começarmos, visualize bem as duas imagens...





Essa é a razão de várias coisas que tenho vivido nos últimos 15 anos.
A procura de uma resposta para questões que nem conseguia nominar.


  1. Sobre a Lótus.
    • A flor de Lótus é venerada na Índia e no Japão, e Oráculo disse que essa era a flor símbolo da espiritualidade; a mais admirada de todas, do "lado de lá", por suas qualidades. A semente de Lótus pode, por exemplo, ficar mais 5.000 anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar. Ela nasce na lama e só se abre quando atinge a superfície, onde só então mostra suas luminosas e imaculadas pétalas, que são autolimpantes, isto é, têm a propriedade de repelir microrganismos e poeiras. É também a única planta que regula seu calor interno, mantendo-o por volta de 35º, a mesma temperatura do corpo humano. O botão da flor tem a forma de um coração, e suas pétalas não caem quando a flor morre, apenas secam. Assim, para os Chineses, o passado, o presente e o futuro estão simbolizados, respectivamente, pela flor seca, pela flor aberta e pela semente que irá germinar.
      Nas gravuras indianas, deuses costumam aparecer em pé ou sentado sobre a flor. Isto ocorre com as representações do deus elefante (Ganesha), Lakshmi — a deusa da prosperidade — e Shiva, O destruidor. Krishna têm a seus pés algumas flores de Lótus, que são chamados pada-kamala (pés-de-Lótus). A tradição budista nos relata que quando Siddhartha (que mais tarde se tornaria o Buda) tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Representa, assim, que cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Tanto que o conhecimento espiritual supremo é comparado ao florescimento do Lótus de mil pétalas no topo da cabeça, como é chamada a expansão do chakra coronário, e seria o equivalente à auréola dos santos da Igreja Católica.



  2. Sobre a Concha
    • A concha representa o Amor, ou Dom Supremo.

      Entenda-se, a concha é feita por duas partes, diferentes, unidas por um único ponto, que é maleável, pois permite o movimento entre as duas, porém, é recoberto por uma fina camada de material vivo, que torna quase impossível separar as duas partes, enquanto o ser vivo que ali existe, permanece entre as duas partes. Algumas conchas, podem produzir pérolas, sendo que as pérolas são obtidas pela inserção (acidental ou não) de um grão de areia entre as duas partes da concha, quer dizer, no ser que ali reside. Esse ser, por sua vez, por estar com esse corpo estranho aplicado a si, tenta se defender do corpo estranho, aplicando nele, sua própria essência, o recobrindo por camadas e mais camadas de matéria, criando assim uma pérola, com o passar do tempo.
      A representação simbólica se dá por comparação à vida.
      As duas partes da concha inteira, que se complementam, sendo inteiramente opostas uma à outra, tendo apenas um único ponto que as une, seria o Homem e a Mulher, unidos por um ponto, FORTE, único, poderoso e praticamente indestrutível, o Amor entre os dois.

      A parte interna, a vida que existe na concha, seriam os filhos e protegidos pelas "asas"da concha. Os amados do casal, da Família ali alicerçada. O próprio Amor existente entre o casal.
      A união entre as asas da concha, só se despedaça quando a vida que ali reside, se esvai por completo. E em alguns casos, mesmo depois da vida se extinguir, ainda persiste, dando abrigo a outros seres vivos que usufruem das asas ainda protetoras da concha.

      Além disso, a Concha é exemplo de constante renascimento, pois a cada dia, o tamanho da mesma aumenta, para proteger o seu residente. Não há nenhuma permanência em seu tamanho, pois a cada dia é liberado carbonato de cálcio, que se solidifica e anexa mais uma leve camada (ou anel) em torno da concha, aumentando seu tamanho.

      A pérola, que se forma quando algo fere o ser residente da concha, é criado a partir da defesa do ser que ali vive. Ele envolve o objeto estranho, que o fere, com substancias que o alisam, para tornar menos agressivo, depois de algum tempo, o tornando redondo, uma pérola.

      As pérolas, hoje tão valiosas materialmente, são obtidas pela dor que um ser vivo sentiu por longo período. E ao invés de lutar contra, pelo contrário, usa uma defesa passiva, acolhendo seu agressor a si mesmo, o recobrindo por seu próprio corpo, o protegendo e se protegendo dele. Assim, ao invés de devolver a agressão, torna-se um ser exemplar, pois devolve o contrário daquilo que recebe como ofensa.

      Eis o produto da Concha, um ser vivo, que prefere não atacar, e ser ferido, ao que devolver a agressão ao seu agressor. (Uma não agressão passiva)

      As asas da Concha, o Homem e a Mulher, que embora diferentes, parecidos, simétricos, sendo um o espelho do outro, são diferentes, pois ambos só podem relacionar-se com um e somente um par, sendo este o seu simétrico ou metade idêntica. A escolha não é feita por um dos dois, nem pelos dois juntos. Simplesmente acontece

      Acontece que o Amor não ocorre por escolha de uma das duas partes, mas sim, nasce entre as duas, e cria o vínculo indestrutível, enquanto Ele mesmo existe entre as duas partes.
      A concha nos mostra isso, as asas só nascem para dar abrigo ao ser que existirá entre as duas, E os três, O Ser, A Concha Mulher, e a Concha Homem, se unem simultaneamente.

      Mas se a Mulher e o Homem são duas partes da Concha, o que seria o Ser que ali existe?
      O ser existente entre os dois é a própria essência do Amor, que aparece, e une os dois aparentemente distintos, antes não existentes um para o outro, que agora se formam unidos, por uma força poderosa, que os une numa convergência de suas diferenças, para uma união de suas qualidades.

      Compreenda, o Amor verdadeiro, suporta as maiores penitências para sobreviver.
      Mesmo que as duas partes não sejam concordantes, se uma quer abrir para cima, ou outra para baixo, o Amor que existe entre as duas, as mantém unidas. E, caso ocorra alguma agressão a esse Ser (Amor) esse mesmo Amor, tomará para si a agressão, a recobrindo de si mesmo, de sua própria essência, tornando a agressão em algo posteriormente bom e belo, mesmo que no momento e durante algum tempo tenha sido doloroso. O Amor tudo suporta.
  3. A Concha e a Lótus, a Lótus e a Concha
    • Assim como a Lótus, que nasce da lama, cuja semente sobrevive à condições inférteis até achar momento propício para nascer, a Concha tem sua Conexão com a realidade.

      Veja novamente as duas fotos acima.
      Repare que a Lótus, parece ser formada por várias Conchas sobrepostas.
      Note que no Centro da Lótus, existe a parte onde fica o "Gineceu e o Androceu", que são as partes da planta responsáveis por sua reprodução. Ali seria o Conhecimento, a Compaixão e Amor plenos.
      A Lótus é o Amor mais sublime. Fonte de todo o conhecimento e de toda Compaixão.

      Não quero com isso, comparar meus pobres conhecimentos rudes, com a sabedoria milenar. São apenas interpretações de um leigo. As minhas...

      O que aprendi com as Conchas?
      Primeiro : Andando nas praias, é fácil ver conchas separadas, despedaçadas.
      Assim é na vida, na praia da nossa vida, existem várias conchas, algumas simplesmente separadas, outras, totalmente despedaçadas, a ponto de não se reconhecer de onde veio cada pedaço.

      Ao caminhar na praia, vejo que muitos amores, foram desfeitos, não talvez por falta de amor, mas por falta de união verdadeira entre as duas partes.

      Hoje, muitas pessoas procuram a sua outra parte, ao invés de procurar o ser que existirá protegido em si. O que quero insinuar é que, hoje em dia, nós (todos nós em boa parte das nossas vidas) procuramos o Amor , mas não nos preocupamos em manter esse amor vivo entre as duas partes.

      Como pode uma concha, manter a vida entre suas duas partes, se a única coisa, o único ponto que une as duas, não existe?

      Agora imagine, Você, quantas vezes teve a coragem de NÃO procurar o Amor na outra pessoa e o procurou DENTRO de você primeiro?

      Quando foi a última vez que você conseguiu amar de verdade, sem cobrar, sem criar expectativas impossíveis para a outra pessoa atingir ou realizar?

      Quando foi a última vez que você conseguiu entregar amor sem querer algo em troca?

      Quando foi a última vez que você procurou Amar primeiro, para depois ver onde iria acabar? Sem procurar retribuição ainda por cima?

      Eis a sabedoria da Concha, Ela Une as duas partes que antes não existiam uma para a outra, as Cria no momento exato que é criado o Ser, o Amor que as unirá.

      Não existe o Homem, antes do Amor aparecer, só existe o Animal masculino.
      Não existe a Mulher, antes do Amor aparecer, só existe o Animal feminino.

      O animal masculino, procura saciar sua sede de preenchimento. Na sua tentativa de se preencher, procura se preencher pela sexualidade, usando o sexo, a conquista, para tentar se sentir preenchido de uma falsa sensação de completude. E assim perpetua sua busca, de corpo em corpo, tentando encontrar algo que ainda não sabe o que é.

      O animal feminino, procura saciar sua sede de preenchimento, na constante procura pelo romantismo do Amor, mas sem o ter ou sentir dentro de si na boa parte das vezes. Por vezes procura primeiro a Rosa sem querer passar pelos espinhos. Mas como para se chegar à rosa, encontra-se o primeiro espinho, dói, então a pessoa foge e procura uma nova rosa, e consequentemente, um novo espinho. Assim perpetuando sua procura, buscando algo que ainda não conhece.

      Quando os dois se encontram, um espera algo do outro, que não pode obter, pois cada um se preocupa consigo próprio, ao invés de se preocupar com o que é mais importante.

      O que seria mais importante?
      O mais importante é Não procurar a própria satisfação. Procurar primeiro manter o que os aproxima, caso seja real, caso seja mútuo e verdadeiro.

      1 - Como saber o momento?
      2 - Como saber quando é real?
      3 - Como saber quando é mútuo?

      Como saber o momento?
      O momento, só é necessário viver que este se aproxima por si só. Se preocupar com o futuro é perder o presente.

      O que é real?
      O que é real, são os fatos, evitando viver na mente, internamente, vivendo o presente tal como é, e não como é imaginado, destituindo o ser de todos os Mayas*.
      * ¹ Maya (do sânscrito): Ilusão.
      ² Maya significa alguma coisa como ilusão ou fantasia, ou, filosoficamente falando, o “como se fosse”.
      ³ Maya é uma espécie de sonho, uma espécie de transe mental.
      A realidade se vê quando paramos de idealizar as pessoas, quando deixamos a nossa mente sem a distorção apegada da "paixão cega". Que nos deixa cegos para o ser humano real que está diante de nós, tornando-o apenas uma manifestação daquilo que desejamos que ele seja ou fosse, e não a pessoa real, e quando isso ocorre, não muito tardiamente, nos decepcionamos com a pessoa que consideramos amar, vendo então que já que decepcionamos, já não conseguimos a aceitar tal como é, demonstrando a real falta da presença do Amor real dentro de nós.

      A nossa vontade de ter manifestado em nossas vidas o Amor, nos faz nomear de amor, qualquer sentimento derivado de simbolismos pessoais, os quais associamos a características físicas ou intelectuais, e que quando particular pessoa contabiliza maior numero de características, nós a consideramos digna de nosso sentimento, nomeando isso de amor.

      Porém, quando escolhemos de forma lógica a pessoa a quem amar, provavelmente (não geralmente ou certamente) , essa pessoa nos decepcionará cedo ou tarde, não somente uma vez, causando a morte simbólica desse falso amor.

      O amor por escolha existe, mas já deve existir por si só para que persista.
      Não escolhemos a quem amar, simplesmente amamos. Quando não conseguimos citar motivos, razões para amar pessoa X, estamos próximos do amor real e verdadeiro.
      O amor não se explica, então, se conseguimos dar nome aos bois no tocante a motivos de amar certa pessoa, provavelmente não a amamos, mas sim, sentimos muito apreço por ela.


      Como saber quando é mútuo?
      Essa questão é mais complexa de se responder, pois não depende somente de uma das pessoas, porém, existe como saber.
      A convivência, somente esta, pode revelar a luz da verdade sobre essa pergunta.
      Um amor pode nascer em um momento, crescer em pequenos minutos, e permanecer firme durante anos. Mas necessita de convivência para se revelar.
      Caso não haja a convivência, não se pode revelar as intenções, se são carnais somente ou não carnais. Sendo amor verdadeiro, haverá paciência. O tempo será amigo e não inimigo dos dois.
      Quando a urgência se torna imperativa, há algo de errado, pois o amor não tem urgência.
      Ele se regozija na mansidão e na calma.

      O amor é o rio perene que corre em direção ao mar. Com suas águas límpidas, ora turvas, ora corredeiras, mas sempre em direção ao mar, com paciência, pois sabe onde irá.
      Enquanto corre, distribui a vida a todas as outras criaturas que dele puderem se beneficiar.
      O amor pratica o bem, antes de procurar o próprio bem.

      O fogo da paixão, precisa de alimento urgente, pois devora cada molécula de combustível para existir, e quando já não tem de onde tirar esse alimento, se mostra como é, onde havia a bela chama, a ardente e calorosa paixão, só se encontra um mar de cinzas, sujas e frias, e um deserto onde não brotará vida por bom tempo.
      A paixão procura primeiro se saciar, para depois ver os resultados.



      O Amor transforma o animal masculino e o animal feminino em seres diferentes.
      Quando nasce o amor entre dois seres humanos, os dois mudam para sempre.
      Nunca mais é o mesmo quem prova deste cálice.
      O Amor nascendo entre dois seres humanos, os aproxima, de forma inexplicável, certeira e tranquila. É como um elo de uma corrente que se forma juntamente com os outros, simultaneamente. Não se pode haver a real união entre dois seres humanos, sem o Amor como liga.

      Se essa ligação não for o Amor, essa liga quebrará, deixando os pedaços das conchas na praia.

      Quando o Amor brotar, tudo começará a fazer sentido.

      Cada parte da concha deve estar de tamanho parecido para se formar , caso contrário, haverá uma quebra na união entre as partes, alguma será mais fraca, mais frágil, menor. E assim uma terá mesmo que sem intenção, que sobrepuxar a outra. Tornando assim a relação entre as duas algo parasitivo.
      Uma terá a carga de proteger o amor existente entre as duas, enquanto a outra apenas se nutrirá com isso, e em alguns casos, poderá até ser enperolada pelo amor, pois só assim um ser que causa a dor poderia ser suportado pela Concha. Isso explica as relações em que predomina a desigualdade entre as partes. Que causa logo que uma é exaurida, o rompimento da relação.

      Quando o Amor brota, e as duas partes são de tamanho similar, quer dizer, experiências que as tornaram maduras suficientes para serem equivalentes e equilibradas entre si, aí começa a existir a liga duradoura. Não significa que nasça entre intelectuais. Simplesmente nasce quando as duas pessoas envolvidas, têm uma compreensão da vida, do outro, e de si mesmas, de certa formas parecidas, suficientemente para que possam ser compreensivas com as diferenças, podendo conviver em paz, harmonia e acolhimento mútuo.

      Assim nasce a Concha que mantém dentro de si, o Dom Supremo, o Amor Pleno.


      ----------------------------***------***----------------------------

      Em meados de 1994, comecei a coletar conchas nas praias de Ponta da Fruta, em Vila Velha - ES.

      Durante meses, ia semanalmente à praia, pensar e refletir, era meu local mais sagrado, pois lá estavam as essências de toda a linhagem masculina da minha família. Em certa época, todos os homens da família se reuniram em um determinado ponto, e deste dia em diante, essa foi a última vez em que houve essa reunião. Três gerações, três ramos distintos da árvore familiar.

      Esta praia também teve sua simbologia, pois ali que encontrei a parte do "ermo" que precisava para poder ouvir as mensagens que a própria natureza me dizia.
      Tudo está conectado, cada grão de areia, cada onda, tudo tem uma razão, tudo tem uma frequência. Tudo entra em ressonância, e quando você consegue entrar nessa vibração, com o restante da criação, você percebe a sua importância na imensidão da existência.
      Ali descobri como ouvir as areias que percorrem a praia com o vento, as mensagens que elas tentam nos passar.
      Ali descobri as promessas de amor das conchas, o seu significado em relação à vida humana, sua mensagem de Amor e Plenitude.

      Uma das mensagens, é a sensação da Plenitude, que se torna vívida ao se encontrar uma concha específica, a concha rosada, a mais difícil de se encontrar ainda ligada a sua metade irmã. Devido a sua fragilidade em relação às outras conchas, ela é rara de se encontrar inteira, mesmo separada.

      Até hoje, encontrei apenas duas.
      A primeira, era mais forte, grande, mais dura, estava aberta como uma borboleta, porém a cor estava muito desbotada. Significa o não vivido. Ou o que não seria vivido.
      O desbotado, significava a falta de vida em si, a vida é em suma, colorida, plena de nuances, com ou sem razão de ser a cada momento e cheia de alegria. A ausência da cor viva na concha, significava o amor não vivente.
      Note-se que amor para ser vivido, precisa da entrega, quando não pode ser entregue, não pode então, ser vivido.

      A segunda, encontrei depois de quase 14 anos após.
      Essa, é mínima, minúscula a ponto de se perder de vista com facilidade, delicada que um toque com maior pressão pode quebrá-la. E, embora toda delicada, é a mais plena de vida que encontrei. Com uma cor inigualável, principalmente pelo elo ainda existente entre as duas partes, que apesar do tamanho minimo, e da força da rebentação, nao foi rompido.

      Simbolismo atual:
      Fui presenteado com aquilo que mais procurei nesses ultimos 14 anos.
      Me sinto preenchido, me sinto pleno. Me sinto acompanhado, de mim mesmo.
      Quando eu esqueci de mim mesmo, quando procurei fazer o que podia, com os recursos que podia, sem pensar em nada mais a não ser em alegrar como eu pudesse o dia da pessoa a quem queria presentear... as conchas voltaram a aparecer, e no lugar mais inusitado, na única praia que NUNCA antes havia mostrado nenhuma dessas conchas.

      E assim, o ciclo da lenda pessoal termina.
      Descobri que existe esperança possível nesse mundo.
      Descobri que os últimos Mayas que eu tinha, estão sendo apagados.
      Finalmente, encontrei as respostas, e descobri quem sou.
      E minha razão de existir. Descobri que a fonte de tudo, é a Plenitude do ser, completada em suma, pela doação aos outros, de si mesmo, na forma do Amor/Compaixão.

      Quando cheguei em casa, me dei conta de tudo o que havia acontecido. E tornei a agradecer a presença desta pessoa em minha existência. Com os olhos em lágrimas fui caminhando e percebendo a cada passo, o milagre que tinha ocorrido nessa tarde.

      Pois foram 14 anos de busca incessante por essas respostas. E logo que parei de me perguntar e procurei apenas buscar fazer o bem que tanto ansiei para mim, para outra pessoa, as respostas apareceram.

      Não quero que isto seja tentativa de prova de nada.
      Desejo o bem desta pessoa, acima de tudo. Sua presença já me enche de alegria.
      E que sempre que eu puder, eu possa fazer para esta pessoa, o mesmo bem que ela me faz, mesmo sem se dar conta.
      E quero dizer com isso, que o que sinto, não busca a retribuição.
      Quero sempre poder estar perto, da forma mais agradável para esta pessoa.
      Lutar pela felicidade dela, com ela, para ela. Pois esta felicidade centrada também na do outro, perfaz em mim o caminho que me torna mais feliz, que é vendo a essa pessoa que tenho apreço, feliz. Distribuindo assim a todos que por mim passarem, felicidade e compaixão.

      A raposa branca escolheu a quem pertencer.
      E é a pessoa a quem agora pertence também esta concha.
      Pois esta pessoa é como uma flor de Lótus na alma e coração da raposa.

Diga SIM


Uma firme convicção de que uma coisa é real faz com que seja?
Ele respondeu:
-Todos os poetas acreditam que sim.
E em tempos de imaginação, essa firme convicção removeu montanhas;
Mas muitos não são capazes de uma firme convicção sobre qualquer coisa.

William Blake


Um dos meios mais eficazes para transcender o comum e entrar no reino do extraordinário é dizendo SIM com mais frequência e eliminando o Não quase que completamente.
Eu chamo isso de dizer SIM para a vida.
Diga SIM para si mesmo, para sua família, seus filhos, seus colegas e sua empresa.
A pessoa comum diz:
Não, não acho que consiga fazer isso.
Não, isso não vai funcionar.
Não, Já experimentei e nunca funcionou antes.
Não, essa intenção é impossível para mim.
Com a ideia do Não, você atrai mais do Não e sua influência sobre os outros, que poderia ajudar e em quem poderia se fiar para ajuda-lo, é também do Não.
Mais uma vez, insisto para que adopte a atitude do poeta Hafiz:
Eu raramente deixo a palavra Não escapar de minha boca.
Pois esta tão evidente para minha alma que Deus gritou SIM! SIM! SIM!
Para cada movimento luminoso na existência.
Grite SIM para todos com tanta frequência que puder.>Sim
Fazer do SIM o seu mantra interior permite que você extenda o Sim para além de si mesmo e atraia mais Sim em seu próprio intento pessoal.
Sim é o alento da criação.> Sim
Imagine uma gota de chuva juntando-se ao rio no momento em que se torna o rio.
Imagine o rio juntando-se ao oceano no momento em que se torna o oceano.
Você pode quase ouvir o som do SIM sendo murmurado naqueles momentos.
Quando você se junta à força universal da criação,
estendendo o SIM aonde quer que seja viável, transforma-se naquela mesma força da criação.
Esse será seu efeito sobre os outros.
Basta de Não comuns em sua vida.
Avance para o extraordinário. >Sim
Dê-se conta de sua identificação com o convencional ou o comum e comece a ressoar nas frequências energéticas cada vez mais altas (o sim), que constituam um movimento ascendente para as dimensões extraordinárias da intenção pura.
Wayne Dyer

A gratidão é um factor muito importante para a qualidade de vida de uma pessoa.
Quanto a mim, sei que quando estou em estado de gratidão meu canal fica amplamente aberto a qualquer experiência boa que esteja abrindo caminho em minha direcção.
Um coração fechado representa uma linha de comunicação fechada com a fonte de toda a a felicidade, alegria e bem-aventurança.
> Um coração fechado acostuma-se a dizer Não em suas afirmações. ASSIM bloqueio o fluxo.
Acabei adoptando como prática o comportamento de agir como se, isto é, eu actuo como se já estivesse me sentindo grata, mesmo quando estou achando difícil unir o sentimento que só vem naturalmente quando uma pessoa esta agradecida e grata.
E pouco tempo depois de tomar essa atitude eu me sinto grata.
> Quando você tem um pensamento, você planta uma semente: a gratidão, e quando você age como se, ela se desenvolve, então você a colhe. Assim colhemos o que plantamos.
Descobri que cantar uma música para cada coisa que sou grata, enquanto estou dirigindo o meu carro, é um ritual interessante.
Começo minha canção com um simples agradecimento por tudo que há e por qualquer coisa que pareça estar deixando livre um infinito estoque de coisas pelas quais sou grata.
Este hábito que adquiri é especialmente animador quando não estou num estado de espírito particularmente agradecido.
> Veja como é uma pessoa determinada. Quando ela se desalinha, se realinha de novo. Porque ela quer se sentir bem, ela gosta de ser assim, de vibrar assim.
A melodia ou cantiga se torna bastante criativa, e logo descubro que estou sorrindo para mim mesma, o que, aliás, é uma grande forma de alimentar e divertir seu melhor amigo, isto é: VOCE MESMO.
Uma outra coisa que adoro fazer é dizer obrigada!
E eu acrescentaria a este modo de agir a palavra SIM!
Como diz Louise Hay, em sua maravilhosa afirmação:
“ Digo SIM à vida e a vida diz SIM para mim!"
Com este tipo de química flutuando ao redor, em sua cabeça, seu corpo, emanando de você e tocando todos e tudo, esta afirmação tem a tendência de voltar para você, de forma multiplicada!!
Às vezes, esquecemos que somos criaturas de Deus e que o objectivo do CRIADOR era que desfrutássemos desta coisa chamada Vida!
As lições que recebemos na vida podem ser preenchidas com alegria ao invés de tanta dor, e quando nosso comportamento se origina de uma parte amorosa, grata e apreciativa do coração, os Mestres, os Anjos, e os Guias nos ajudam ainda mais.
>> Sim, temos todas as partes, as boas, as ruins, o sim e o não, mas precisamos cultiva-las.
E não estamos sozinhos, frequências amorosas se aproximam quando sentem uma emissão de gratidão......
Acho que quanto mais disposta estou a ser agradecida às pequenas coisas que recebo em minha vida, as coisas grandes parecem surgir de fontes inesperadas e fico, constantemente, aguardando, cada dia, todas as surpresas que estão vindo em minha direcção.
Carolyn Bratton

O primeiro passo que você precisa dar, para conseguir o amor que você quer,
é valorizar o amor que você sente.
O universo sempre lhe dá mais daquilo em que você está se concentrando.
Jesus ensinou :
"Para aquele que tem, mais lhe será dado; para aquele que não tem, mais lhe será tirado."
Com essa afirmação, Jesus estava explicando um princípio metafísico supramente importante, que é a própria chave para a manifestação da abundância.
Jesus estava ensinando a importância de se concentrar no que temos ou queremos, em vez de no que nos falta ou não temos.
Alan Cohen

Eu te agradeço, DEUS, por este mais surpreendente dos dias: pelos saltitantes e verdejantes espíritos das árvores e um verdadeiro sonho azul de céu; e por tudo que é natural, que é infinito, que é SIM.
E.E.Cummings

Agradeço a Wayne Dyer, Carolyn, Alan, e Cummings por compartilhar seus estados de gratidão e por mostrar que temos opções.....
O SIM é um dos mantras mais poderosos do universo.
Ele abre portas onde havia muros.
Ele abre sorrisos onde havia tristeza.
Ele chama a abundância onde havia carência.
Damos o que escolhemos, e recebemos de volta aquilo que damos.
OS semelhantes se atraem, portanto, escolhemos o que recebemos da vida.
O universo sempre lhe dá mais daquilo em que você está se concentrando.
Há dois modos de viver: focar no que não temos, e entrar no clima do Não ou focar no que temos e entrar no clima do SIM
Faça boas escolhas.
Você terá uma forte convicção, para sustentar o Sim quando o mundo , a situação , UM MOMENTO DESAGRADÁVEL disser não?
É na pratica que testamos e validamos (ou não) nossas crenças.
Seja grato por esse dia maravilhoso, por esse magnifico céu azul, pelo bem-te-vi cantando no alto da árvore.
Há muita Vida acontecendo aqui-agora.
Entre no espírito do SIM, O CORAÇÃO SE ABRE e o rio da vida começa a entrar e você começa a desfrutar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Marina Lima - Nada Por Mim

Nada Por Mim
Kid Abelha
Composição: Herbert Vianna / Paula Toller

Você me tem fácil demais
Mas não parece capaz
De cuidar do que possui
Você sorriu e me propôs
Que eu te deixasse em paz
Me disse vai, eu não fui

Não faça assim
Não faça nada por mim
Não vá pensando que eu sou seu

Você me diz o que fazer
Mas não procura entender
Que eu faço só pra te agradar
Me diz até o que vestir
Com quem andar e aonde ir
Mas não me pede pra voltar

Samsara e Sankara (Shânkara)

Samsara
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Samsara (sânscrito-devanagari: संसार: , perambulação) pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos.

Na maioria das tradições filosóficas da Índia, incluindo o Hinduísmo, o Budismo e o Jainismo, o ciclo de morte e renascimento é encarado como um fato natural. Esses sistemas diferem, entretanto, na terminologia com que descrevem o processo e na forma como o interpretam. A maioria das tradições vê o Samsara de forma negativa, uma condição a ser superada. Por exemplo, em algumas linhas do Budismo, assim como na escola Advaita de Vedanta hindu, o Samsara é visto como a ignorância do verdadeiro eu, Brahman, e sua alma é levada a crer na realidade do mundo temporal e fenomenal.

Já algumas adaptações dessas tradições identificam o Samsara (ou sa sâra, lit. "seu caminho") como uma simples metáfora.


Samsara no Budismo Tibetano
É a perpétua repetição do nascimento e morte, desde o passado até o presente e o futuro, através dos seis ilusórios reinos: Inferno dos Demônios Famintos, dos Animais, Asura ou Demônios Belicosos, Ser humano, e da Bem-Aventurança. A menos que se adquira a perfeita sabedoria ou seja iluminado, não se poderá escapar desta roda da transmigração, ou Roda da Samsara. Aqueles que estão livres desta roda de transmigração são considerados lamas, iluminados (ou budas, em sânscrito).


Samsara no Vedantismo
No Vedanta, o samsara tem o mesmo significado em diversas escolas, designando o ciclo da transmigração do atma em mundos materiais. Shankara, considerado o fundador das escolas modernas de vedanta, definia o samsara como sendo o caminho atemporal realizado pelo atma em avidya ou ignorância. Uma vez que vidya é alcançada através de jñana o conceito dual e egocêntrico de aham e mamata se esvai, o ciclo se extingue e o atma se funde no Brahman alcançando moksha.

Shankara argumentava que o karma-vamsana, ou o desejo de realizar atividades materiais do ego iludido é simplesmente devido à sua ignorância em ver-se diferente e com a identidade distinta do Brahman, com a destruição do sentimento de aham, o atma vê que ele também é o Brahman (aham brahmansmi; lit. “eu sou brahman”) e o samsara deixa de ter fundamento.

No vedanta e na maioria das diversas tradições hindus que se fundamentam no Vedanta, o ciclo de transmigração da alma, ou samsara, não é feito exclusivamente do passado para o presente, numa temporalidade linear como a concebida pela cosmologia Ocidental. O ciclo pode se deslocar para qualquer posição no espiral do tempo e, de acordo com as diferentes inferências feitas pelos sábios, em quaisquer Brahmandas, ou universos da criação material, e em quaisquer tipos de corpos, entre as 8,4 milhões de espécies transmigráveis, podendo haver evolução ontogênica ou filogência, nos dois sentidos: elevação e degradação; de semi-deus a larva, de planta a ser humano, e vice-versa. De fato, as possibilidades de transmigração são infinitas.

Alguns smritis tais como o Garuda Purana, o Padma Purana, o Vixnu-smriti, o Manu-samhita, o Vixnu-dharma-shastra e inúmeros outros textos clássicos do hinduísmo, podem ser considerados cânones da transmigração da alma, explicando em que situações a alma transmigra de onde para onde e por que.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Samsara"




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Shânkara

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Shânkara (c. 788 – 820) foi um metafísico e monge errante indiano. Foi o principal formulador doutrinal do Advaita Vedânta, ou Vedânta não-dualista. Segundo a tradição, foi uma das almas mais excelsas que já encarnaram neste planeta, chegando a ser considerado uma encarnação de Shiva. Sua vida encontra-se envolta em mistérios, prodígios e lendas que a tornam semelhante à de outros insignes mestres espirituais da humanidade, como Jesus e Maomé. Outras grafias do seu nome são: Sankaracharya, Sancaracarya, Shankaracharya, Sankara, Adi Sankara, Adi Shankaracharya ou Adi Shankara, também chamado de Bhagavatpada Acharya (que significa "o Mestre aos pés do Senhor").

Escreveu profundos comentários sobre os Upanishades, o Bhagavad-Gita e outros livros da sabedoria hindu. Seus escritos fundamentaram as exposições doutrinais dos autores da Filosofia Perene na época contemporânea, como o francês René Guénon e o suíço-alemão Frithjof Schuon.

Índice
1 Sua vida
1.1 Nascimento e primeiros anos
1.2 Sua carreira
2 Sua Filosofia
2.1 Sumário
2.2 1. Introdução: sobre a importância das filosofias não-ocidentais.
2.3 2. O Advaita e seu fundador
2.4 3. A literatura védica
2.5 4. A ontologia e epistemologia do Advaita Vedanta.
2.5.1 4.1. A Natureza do Brahman
2.5.2 4.2. A epistemologia do Advaita
3 Influência
4 Obras
5 Ver também
6 Bibliografia
7 Ligações externas



Sua vida

Nascimento e primeiros anos
Não se sabe ao certo onde e quando nasceu. Alguns o fazem aparecer no século II a.C., já outros fazem a data avançar até mesmo ao século X d.C. Contudo, existe a tendência de situar seu nascimento em torno do século VIII da era Cristã. Igualmente o local de seu nascimento é objeto de disputas, sendo indicadas as povoações de Shringeri, Sasala-grama, Cidambara-pura, Kalati e por fim Kalpi.

Sivaguru e Aryamba, seus futuros pais, há muito desejavam um filho. Então, conforme a lenda, Shiva lhes apareceu em sonho, perguntando se desejavam um único filho, que seria o filósofo mais brilhante de sua geração mas morreria jovem, ou muitos rebentos, todos porém medíocres. Optando pela primeira alternativa, nasceu então Sankaracharya. A tradição oral relata a ocorrência de diversos prodígios na ocasião de seu nascimento, como o congraçamento de feras anteriormente hostis entre si, a emanação sobrenatural de fragrâncias por árvores e outras plantas, a audição de cantos celestiais e outros fenômenos que espelhariam a alegria da natureza e dos deuses com seu nascimento.

Narra-se que com apenas um ano de vida teria aprendido o alfabeto sânscrito, aos dois já saberia ler e aos três teria estudado os Kavyas e os Puranas. Com sete anos suas luzes já eram tantas que deixou o professor e voltou para casa. Ainda na infância começou a operar milagres, curando a mãe e provocando a cheia de um rio.

Na mesma época o sábio Agastya profetizou à mãe de Sankaracharya que seu filho não ultrapassaria os 32 anos de vida. Percebendo a fragilidade do mundo material, Sankaracharya decidiu assumir a vida de asceta errante. Encontrando a objeção materna, venceu a oposição com outro milagre. Tendo ido banhar-se em um rio, seu pé foi abocanhado por um crocodilo. Acorrendo a mãe ao local, foi-lhe dito que a fera não o soltaria se ela não concordasse com o propósito do jovem, e então ela cedeu.


Sua carreira
Após deixar a mãe aos cuidados de parentes, e já não tendo pai, partiu Sankaracharya em perambulação por florestas e cidades, até chegar à caverna onde Govinda Yati estabelecera seu refúgio. Solicitando admissão como discípulo, foi aceito, e aprendeu sobre Brahman através de quatro motes:

O conhecimento é Brahman;
Esta alma é Brahman;
Tu és Aquele; e
Eu
sou Brahman.

Logo após ser aceito, estando seu mestre em profunda meditação, absorto do mundo, Sankaracharya produziu outro milagre, acalmando uma furiosa tempestade que se desencadeara sobre o local. Despertando Govinda de sua meditação, e percebendo o que o jovem discípulo fizera, felicitou-o, abençoou-o e recomendou que fosse à cidade santa de Benares pare receber as bênçãos da Divindade, despedindo-o com a exortação: "Por teu feito glorioso, vai então, e começa a salvar a humanidade".

Chegando a Benares, passou ele também a aceitar discípulos, apesar de ainda não ter passado dos doze anos de idade. O primeiro foi Sananda (Padma-pada), que seria seu favorito. Provavelmente houve muitos outros, mas só nos chegaram os nomes de mais três: Suresvara, Totaka (ou Trotaka), e Hastamalaka. Sankaracharya transferiu-se então para Badari, à margem do Ganges, onde compôs sua obra-prima, um comentário sobre os Brahma-sutras. Outras obras se seguiram, como os comentários sobre os Upanishads e outras obras clássicas indianas.

Depois destes feitos, Sankaracharya passou a ser largamente conhecido, atraindo a admiração de muitos seguidores, e também a inveja e fúria assassina de inimigos. Nas muitas disputas filosóficas em que entrava, saía sempre vitorioso, incluindo na que travou com o sábio Vyasa, que lhe apareceu disfarçado como um idoso brâmane. Após oito dias de debate, atestando o profundo conhecimento do jovem, Vyasa concedeu-lhe dezesseis anos adicionais à sua perspectiva de vida, a fim de que ele completasse seu trabalho de reformar o Hinduísmo.

Daí em diante Sankaracharya passou de cidade em cidade, e de vitória em vitória em todas as querelas filosóficas, e operando ainda diversos outros milagres, como o de entrar na casa de Mandana Mishra (ou Vishvarupa) pelos ares. Mandara Mishra era um grande filósofo, com o qual disputou, vencendo-o e chamando-o de discípulo. A esposa dele, Bharati, considerada uma encarnação de Sarasvati, também foi instada a debater, sendo vencida em todos os pontos salvo um, a respeito da natureza do Amor, tema com o qual o jovem Sankaracharya não tinha familiaridade alguma, tendo sido um asceta celibatário por toda a vida. Entretanto, pediu à deusa um adiamento de um mês, a fim de que pudesse encontrar a resposta requerida, e partiu.

A oeste da cidade deparou-se com uma multidão que estava a prantear um rei, Arnaruka, recentemente falecido. Decidido a aproveitar a oportunidade, confiou seu próprio corpo ao cuidado dos seus discípulos, e em segredo fez sua alma entrar no corpo do rei morto, que despertou novamente para a vida, sem entretanto revelar sua verdadeira identidade. A multidão, em júbilo, levou-o de volta ao palácio real, onde o asceta disfarçado de rei entregou-se aos braços da esposa do defunto, com o objetivo de aprender tudo sobre a Ciência do Amor, o que fez com tal brilhantismo que pôde escrever um tratado sobre o tema. Porém, percebendo todos que seu "rei" voltara à vida muito mais sábio do que quando dela partira há tão pouco tempo, começaram a suspeitar de um possível intercâmbio de almas, e ordenou-se, sem seu conhecimento, que todos os cadáveres do reino fossem imediatamente cremados.

Enquanto isso, seus discípulos, tendo transcorrido um tempo maior do que o previsto para seu retorno, iniciaram sua busca, e acabaram por chegar à cidade real, onde ouviram a história da ressurreição do velho rei e, com cantos e lamentos, tocaram a consciência interna de Sankaracharya, fazendo-o abandonar o corpo emprestado. Retomando o seu, que neste momento já estava sendo entregue às chamas, conforme a ordem dos ministros (ou da própria viúva, segundo outras versões) do rei, voltou então à casa de Mandana, respondeu à pergunta de Sarasvati e converteu Mandana ao Vedantismo.

Voltando a perambular, soube que sua mãe estava à beira da morte e acorreu ao seu encontro, tranqüilizando-a na hora do desenlace. Sendo impedido por seus parentes de oficiar os ritos de cremação, por ser um asceta, não obstante ele emitiu um fogo de sua mão que incinerou o corpo da mãe.

Depois disso o sábio continuou em suas peregrinações, visitando diversos reinos, estabelecendo templos, reformando antigos cultos e debatendo incansavelmente com todos os grandes luminares que encontrou, corrigindo os erros que maculavam a pureza da doutrina Hindu. Ouvindo falar de um templo em Cachemira que só podia ser aberto por um ser onisciente, para lá se dirigiu a fim de abrir sua porta sul, a única que ainda permanecia fechada. Sendo examinado pelos doutores, foi considerado apto e, estando prestes a assumir sua cátedra, foi novamente interpelado por Sarasvati. A deusa objetou dizendo que só um indivíduo imaculado poderia ocupar aquela cadeira, aludindo à experiência carnal que ele tivera no corpo do rei falecido. Em resposta, Sankaracharya argumentou que ele não poderia ser responsável pelos pecados de um outro corpo, com o que Sarasvati deu-se por satisfeita, permitindo-lhe a apoteose.

Após outras peregrinações, acabou seus dias conforme havia sido profetizado, com 32 anos, subido aos céus, como diz a lenda, cercado de deuses e sábios que cantavam a palavra "Vitória".


Sua Filosofia

Sumário
Os escritos de Sankaracharya têm uma grande lucidez e profundidade, penetrante insight e grande habilidade analítica. Apesar disso, sua abordagem dos temas é mais religiosa e psicológica do que puramente lógica, o que o torna, na apreciação contemporânea, mais um grande reformador religioso do que um filósofo. Sua obra trai um grande conhecimento do saber Bramânico ortodoxo da época, bem como do Budismo Mahayana. Muitas vezes tem sido criticado como um Budista disfarçado, pela similitude de sua doutrina com aquela do Buda. Mesmo assim, combateu muitos pontos da doutrina Budista ou adaptou-os à sua interpretação advaíta do Vedanta.

Na época de Sankaracharya o Hinduísmo havia degenerado sob a influência do Budismo e do Jainismo. Sankaracharya enfatizou a importância dos Vedas, reabilitando o Hinduísmo. Sua teologia sustenta que a ignorância espiritual (avidya) é causada pela visão de um eu onde não existe eu algum.

Sankaracharya propôs que embora o universo dos fenômenos seja de fato experimentado, não obstante ele não é a verdadeira realidade. Não renega o universo, mas diz que a verdade derradeira é Brahman, que está além do tempo, do espaço e da cadeia de causação. Apesar de ser a causa eficiente do universo, Brahman não se encontra limitado por esta sua autoprojeção, transcendendo toda dualidade ou pares de opostos (donde o termo advaíta, ou não-dual). O indivíduo deve entender sua verdadeira natureza e ser, que não é a mudança e a mortalidade, mas sim a beatitude eterna. Para compreendermos o verdadeiro móvel de nossos atos e pensamentos devemos despertar para a unidade do ser. Já que a mente limitada do indivíduo não pode abarcar o Eu universal ilimitado, a mente individual deve ser transcendida para conseguirmos a união com a consciência universal.

Sankaracharya denunciou o sistema de castas e os rituais como tolices, e ensinou que a verdade deve ser atingida pela meditação sobre o amor divino. Sua maior lição é que a razão e a filosofia abstrata não são suficientes para aquisição da liberdade (moksha), sendo imprescindível o altruísmo (a negação do eu pessoal) e o amor orientado pela discriminação (viveka). A acusação de influência Budista é negada com a refutação da negação do ser (shunyata) dos Budistas, acreditando que o Brahman não-manifesto se manifesta efetivamente como Ishvara, o ser excelso e perfeito que é adorado sob vários nomes.


1. Introdução: sobre a importância das filosofias não-ocidentais.
A grande maioria dos manuais de história da filosofia não mencionam nenhum tipo de reflexão filosófica fora do eixo geográfico formado pela Europa e pela América. E não é o caso de uma história da filosofia pautada, por exemplo, pelo hegelianismo e sua crença na impossibilidade de uma "genuína e própria" filosofia no Oriente (HEGEL, 2000: 442). Mesmo manuais que não professam abertamente alguma doutrina filosófica, ignoram a existência de uma filosofia em outros continentes. As esparsas referências aos filósofos árabes, judeus e, mais raramente, bizantinos, surgem como adendos à linha mestra da história da filosofia nascida na Europa.

Considerar a reflexão filosófica como algo específico da cultura européia – e de sua extensão americana – já é uma opção que necessita ser justificada. Para melhor situar o problema, podemos utilizar exemplos similares em outras áreas do conhecimento. Quando se trata da criação de uma instituição política, como a democracia grega, estamos falando de um fenômeno que surge a partir de uma série de contingências históricas e sociais bem delimitadas. Mais que isso: não temos registro de nenhuma sociedade que, estando fora da influência helênica, tenha criado uma prática política semelhante a que surgiu na Atenas dos séculos VI e V a.C. Logo, no contexto de uma história das instituições democráticas, faria sentido uma narrativa limitada ao eixo Europa – América. Contudo, muitos dos problemas, teses, argumentos e conclusões da filosofia européia surgem em outras civilizações que não foram atingidas pela "genuína" reflexão filosófica de matriz grega. Outro exemplo pode deixar mais nítido o caráter injustificado da crença na inexistência de uma filosofia criada no vale do Indo ou na China do século IV a.C.. No campo de estudo das religiões não existe, obviamente, nenhum tipo de chauvinismo como o que se percebe na historiografia da filosofia. Alguém que tentasse provar que a única religião "genuína" é o catolicismo seria visto como um fanático que só compreende o mundo exclusivamente a partir de sua confissão. Entrtetanto, o mesmo não se aplica aos filósofos ocidentaia: defender o pensamento filosófico como um fenômeno especificamente europeu é visto com certa naturalidade e não como uma tese extremamente problemática.

Deste modo, quais razões justificam o primado e exclusividade européia quando se trata de um tipo de pensamento que nasce em diferentes épocas e regiões do mundo? Desde um natural e inevitável etnocentrismo, até a postura de certas tradições filosóficas, como o positivismo lógico, que se ligam necessariamente a um dos produtos mais típicos do Ocidente – a ciência moderna –, as respostas são inúmeras. Pode-se aventar também a existência de uma difusa e preconceituosa concepção da cultura oriental herdeira de ambas as razões citadas acima. O pensamento indiano e chinês não seria autêntico devido a extrema religiosidade das referidas sociedades. Em outras palavras: não haveria um discurso filosófico autônomo e livre em sociedades tão tradicionais, fechadas e religiosas. Seria, no máximo, uma teosofia que, em última instancia, estaria presas pelas amarras do dogma religioso. Duas citações, oriundas de tradições filosóficas européias e americanas distintas, comprovam como tal concepção é generalizada. Após caracterizar as filosofias chinesas e indianas como "pensamento filosófico antes da Filosofia propriamente dita" (note-se o "F" maiúsculo em filosofia) Jacques Maritan escreve que "somente na Grécia a filosofia adquire existência autônoma, distinguindo-se explicitamente da religião" (1966, p.33). Já a professora de filosofia Maura Iglésias, em um texto chamado "O que é Filosofia e para que Serve" alerta que

"é preciso estar ciente de que a disciplina acadêmica que se intitula ‘filosofia’ usa essa palavra em um sentido estrito, que exclui de seu âmbito não só a concepção de vida da vovó [sic] e as disciplinas ascéticas dos monges tibetanos, mas também – e essa afirmação talvez seja um tanto polêmica – textos às vezes altamente especulativos das milenares civilizações chinesas e hindu. Mas não há nenhum julgamento depreciativo por parte de quem nega ao pensamento hindu ou chinês o nome de filosofia. Quer-se simplesmente dizer que eles são diferentes, têm outros pressupostos, metas outras que a filosofia propriamente dita" (Rezende, 2005, p. 12).
O primeiro texto, de um notório neotomista, é direto em sua avaliação depreciativa da sabedoria oriental, não existindo nele os cuidados politicamente corretos do segundo texto. Mesmo com a distância temporal e intelectual entre os dois, a conclusão é a mesma: hindus e chineses não conseguiram gerar um discurso que possa ser considerado "filosofia propriamente dita" – expressão que se repete literalmente em ambos trechos citados.

Tentar compreender a permanência do discurso de negação da existência de outras filosofias para além da bacia do Mediterrâneo e do litoral do Atlântico é uma tarefa que demonstraria muito das limitações veladas que residem na filosofia ocidental. Entretanto, o texto que se segue não pretende se aprofundar neste assunto. Mais do que criticar manuais escolares de história da filosofia, tem-se como objetivo a formulação de uma breve e despretensiosa aproximação à um dos filósofos hindus mais conhecidos no ocidente: Shankara. Pode-se citar um sem número de limitações inerentes a um trabalho como este, por exemplo, a impossibilidade de se ler os texto primários na língua original – o sânscrito –, o que, por sua vez, não autoriza uma abordagem ausente de rigor e clareza frente ao tema proposto.

O cerne do texto será uma apresentação de dois importantes temas da filosofia de Shankara: a ontologia, que é centrada nas relações entre Brahman e o cosmos, e a epistemologia, especialmente quanto aos problemas da sobreposição.

Não se encontrará no texto uma explícita justificação da legitimidade em se acreditar na existência de um pensamento hindu ou chinês. Espera-se que a própria apresentação do pensamento de Shankara faça tal papel.


2. O Advaita e seu fundador
O Advaita Vedanta é uma doutrina filosófica hindu centrada na noção de não-dualidade (a, “não”, dvaita, “dual”) entre o mundo e o absoluto, e na consciência de que a única coisa que realmente existe é Brahman. Além de negar a realidade autônoma do mundo fenomênico, o Advaita defende que não existe uma real oposição entre o Eu e Brahman, sendo eles uma único ser. Sua origem estaria nos ensinamentos de Gaudapada, mas, de fato, é com Shankara que o Advaita é fundamentado e consolidado. Muitos ocidentais, assim como inúmeros indianos, consideram Adi Shankara como o maior dos filósofos hindus. É comparado por muitos autores a Platão, Santo Tomás, Espinosa e Hegel (GATHIER, 1996:61) em função da profundidade e estilo de sua metafísica.

Suas obras podem ser classificadas em três tipos: comentários aos Upanishades, aos Brahma Sutras e ao Bhagavad Gita; tratados filosóficos e hinos religiosos. Os comentários tencionam buscar na literatura hindu anterior os fundamentos das teses do Advaita e, paralelamente, interpretar tais escritos na perspectiva do próprio Shankara. Já os tratados possuem um caráter metodológico e didático, visando aos estudantes da doutrina e apresentando as dificuldades no entendimento do Advaita e as maneiras de superá-las. Por fim, os hinos religiosos limitam-se a devoção e glorificação da divindade.

Antes de se apresentar a doutrina de Shankara mais detalhadamente, faz-se necessário contextualizar o Advaita Vedanta na ampla, complexa e, em parte, desconhecida história do hinduísmo.


3. A literatura védica
Os Vedas são o conjunto de textos sagrados que formam a base religiosa e cultural do hinduísmo. O palavra veda, originada da raiz sânscrita vid, significa "sabedoria" ou "conhecimento". É provável que suas partes mais antigas tenham surgido por volta de 1500 e 1200 a.C., ou seja, séculos antes da fixação dos poemas homéricos (sécs. VIII ou VII a.C.) em uma forma escrita e que fazem dos Vedas, no mínimo, contemporâneos dos trechos mais antigos do Pentateuco.

Posteriormente a sua composição, os Vedas foram organizados em coleções, ou Samhitas: o Rig Veda, que é o mais antigo documento da literatura hindu, e contém textos tratando de sacrifícios, homenagens aos deuses e descrições mitológicas, o Yajur Veda de caráter litúrgico, Sama Veda que é uma coleção de cantos acompanhados de notações musicais para o culto e, por fim, o Atharva Veda cujo o conteúdo é uma coleção de hinos, fórmulas rituais, narrativas populares.

Posteriormente, por volta dos séculos X e IX a.C., inicia-se uma nova fase na história do hinduismo com o surgimento de uma literatura que comenta os Vedas, os chamados Brahmanas. Segundo Émile Gathier, seriam uma "ciência do sacrifício"(GATHIER, 1996:22), pois esclareceriam os ritos e fórmulas litúrgicas. O Brahmana das Cem Trilhas é a primeira grande obra da literatura védica escrita em prosa e contém a especulação mais antiga sobre Brahman e sua natureza como princípio absoluto(RENOU, 1964:60).

Pequenos textos, os Aranyaka, Tratados da floresta, obra de anacoretas (rishis) que viviam em matas, distantes da massa popular, avançam em um tratamento mais especulativo e alegórico das práticas rituais, sendo considerados uma transição entre as compilações ritualísticas dos Brahmanas e o vigor filosófico posterior dos Upanishades. O nome, além da referência óbvia aos já referidos autores é originada pela crença de serem uma "doutrina tão poderosa que exigiria, para ser divulgada, a sombra das grandes árvores" (GATHIER, 1996:23).

No período entre os anos de 750 e 550 a.C. surgem os primeiros Upanishades, forma clássica da especulação filosófica hindu. A etimologia do termo é controversa, mas a versão mais aceita seria upa, significando "próximo", ni, "embaixo" e sad, "sentar", indicando uma doutrina "dita ao pé do ouvido": uma referência ao ato do discípulo em sentar-se junto ao mestre para ouvir-lhe as instruções (GATHIER, 1996:24). São textos, em sua maioria, anônimos, e que adotam diversas formas literárias, desde parábolas e diálogos até máximas e poemas.

Apesar de ainda ligados ao ritualismo sofisticado da literatura anterior, os Upanishades já expressam, de maneira assistemática, doutrinas que são encontradas na filosofia ocidental: monismo, idealismo e solipsismo. As perguntas fundamentais da "filosofia propriamente dita", como "de onde viemos", "qual o fundamento da realidade" já estão presentes. Neles, a noção de Brahman como fundamento absoluto do mundo e a identidade entre o eu individual e o Eu divino são abertamente defendidas e aprofundadas.

Por volta do ano de 550 a.C. a filosofia na Índia passa a se caracterizar por uma maior exigência crítica e sistemática. Os Upanishades apresentavam incongruências que poderiam levar a crenças dispares e conflitantes, Segundo Hocking (MOORE, 1978:30) "juntamente com tendências acentuadas para o monismo, há (...) enunciados que justificam um dualismo". Soma-se a isso o imperativo em não romper o liame entre o hinduísmo do presente e suas raízes védicas e de atacar o surgimento de seitas tidas como heréticas: os jaínas e budistas. Dessa situação, formalizaram-se seis sistemas, os Darshanas, literalmente, "pontos de vista" : Nyaya, Vaiseshika, Sankhya, Yoga, Mimansa e Vedanta. A obra de Shankara situa-se no contexto deste último.

"Vendanta" significa "o fim dos Vedas" ou "a significação última dos Vedas". Ao Vedanta também se aplica a expressão sânscrita "Uttara Mimamsa" – última investigação. É o sistema clássico da filosofia hindu e tenciona a conciliação entre as diversas tendências manifestas nos Vedas e nos Upanishades. É uma espécie de espirtualismo monista, no qual o Eu individual – o Atman – é reduzido à Brahman, a única e universal realidade, fundamento ontológico do cosmos. O ponto de partida do Vedanta é obra de Badarayana, o Vedanta Sutra, e segundo Gathier (1996: 59) é um texto tão conciso em seus aforismos que "em muitas passagens ele era ainda mais obscuro que os textos que procurava esclarecer". As diferenças entre as mais proeminentes escolas do Vedanta – Advaita, Dvaita e Vishishtadvaita – são, no fundo, diferenças quanto a interpretação de todo o corpus textual acumulado desde a redação do Rig Veda.


4. A ontologia e epistemologia do Advaita Vedanta.
O cristianismo pode ser considerado, em sua forma mais ortodoxa, uma espécie de dualismo, no qual o criador e sua criação possuem diferenças ontológicas insuperáveis. Deus é anterior ao mundo que ele criou e a criação é ato de sua vontade e não de uma necessidade lógica e inevitável de sua natureza divina. Identificar criador e criatura, como bem parece demonstrar as reações frente a obra de um pensador como Espinosa, seria rebaixar e confundir dois níveis ontológicos qualitativamente diferentes. De um ponto de vista estritamente filosófico, um dualismo desse tipo parece, a princípio, se adequar melhor ao senso comum quando comparado a um monismo, pois estabelece uma separação entre os entes cotidianos e o absoluto, o que preservaria as diferenças, individualidades e a pluralidade dos fenômenos tão evidentes e caros ao senso comum. Estes parecem ser esvaziados de conteúdo ontológico autêntico quando concebidos dentro de um monismo, seja do tipo defendido por Espinosa, que entende os objetos materiais e conceituais como atributos e modos de Deus, seja do idealismo absoluto hegeliano, que concebe o Absoluto como a atividade incessante do Espírito – seja na Natureza ou na consciência e história humana.

Tal é a situação que a filosofia do Advaita, o não-dualismo, coloca diante do leitor: como conciliar Brahman; um absoluto tão universal, simples e total; com as coisas, as idéias e os "eus" individuais? Em outras palavras: como o Absoluto se relaciona com o relativo e o contingente? Por isso, entender a ontologia descrita por Shankara é compreender a natureza do Brahman.


4.1. A Natureza do Brahman
Deve-se ressaltar, logo de início, que Shankara não é um racionalista do tipo cartesiano que visa provar por meios puramente intelectuais a existência da divindade. São os Vedas as fontes privilegiadas para o conhecimento do Absoluto e todo e qualquer discurso acerca dele deve partir e voltar para os textos sagrados. O debate em termos estritamente racionais visa apenas armar aquele que já dispõe da verdade frente os adversários heréticos(GATHIER, 1996: 62).

A sentença tat tvam asi, "isso é você!" resumiria todo o conteúdo dos Vedas: Brahman é a única realidade, existente em si e para si mesmo, homogêneo, sendo impossível atribuir-lhe algo como características, limites, determinações ou modos. Ele não é um mero objeto passível de ser conhecido. Ele é adrisya: além da capacidade dos sentidos, da mente ou do intelecto. É a "testemunha silenciosa", Saksin. Ninguém está ao seu lado. Ele é turiya – transcendente. Não temos contato direto com o absoluto devido ao foto do mundo, como aparece, é ilusão, um erro derivado do Maya, o poder de Brahman em ocultar sua real natureza. Maya significa "aquilo que não é". Segundo Shankara

"The true tradition of the Vedanta have made the following declaration: ‘when the individual soul which is held in the bonds of slumber by the beginningless maya awakes, then it knows the eternal, sleepless, dreamless non-duality" (DEUTSCH, 2004: 225). ("A verdadeira tradição do Vedanta fez a seguinte declaração: 'quando a alma individual acorda, a alma que esteve mantida nos laços do sono por Maya que não tem começo, então ela conhece a não-dualidade eterna, sem forma e desperta (sem sonhos)' ")
A ilusão é comparada com a confusão que uma pessoa pode fazer entre uma serpente e uma corda: na escuridão uma corda pode ser aceita como uma serpente (SATPRAKASHANANDA, 1965: 127). Quando se está na luz, quando o conhecimento da verdade dissipa o Maya, a serpente, que era tida como real, se torna falsa. Assim como a cobra é sobreposta à corda, o mundo e o corpo são sobrepostos à Brahman e ao Supremo Eu. Logo, a realidade fenomênica apenas parece ser diferente da Verdade Absoluta, estando elas "cobertas" pelo Maya. Só quando se possui o verdadeiro conhecimento, Jnana, é que entendemos a natureza da ilusão: ela não é real, pois de posse de Jnana, ela desaparece, mas existe enquanto o saber está envolvido pela ignorância (avidya). Nas palavras do próprio Shankara:

"It is a well-ascertained truth that notion of identity of the individual Self with the non-Self, - with physical body and like – which is common to all mortal creatures is caused by avudya, just as a pillar (in darkness) is mistaken (through avidya) for a human being. (...) similarly consciousness never acttually pertains to the body – such as pleasure, pain and dullness – actually pertain to Consciousness, to the Self; for, like decay and death, such attributes are ascribed to the Self through avidya". (DEUTSCH, 2004:278).
Essa é uma ignorância frente a própria natureza humana, pois existiria, na verdade, uma identidade entre o Eu (Atman) e o Brahman. Não é possível estabelecer provas exteriores acerca da existência do Eu, ele é um dado bruto. De modo cartesiano, Shankara nega a possibilidade de negar o Atman, pois o próprio ato de negar afirma a existência dele: ""a existência do Brahman nos é ainda, imediatamente certa por ser ele o Eu de todas as coisas e de cada um (...) cada indivíduo percebe imediatamente sua própria existência e ninguém pensa: ‘eu não existo' " (GATHIER, 1996: 207). É notável a semelhança entre esse argumento e o argumento do Cogito presente nas Meditações de Descartes. A existência indubitável do Atman é visto como uma das evidências da existência do Brahman. Nas palavras do próprio filósofo:

"The soul is the eternal inteligence, for that very reason that is not a product but nothing else but the unmodified highest Brahman which, owing to the contact with it’s limiting adjuncts, appears as individual soul. That inteligence constitutes the essential nature of highest Brahman (...) if the individual soul is nothing but highest Brahman, (...) just as light and heat constitute the nature of fire". (DEUTSCH 2004: 245).
Não se pode confundir o Atman – princípio divino e universal no homem – e por isso mesmo identificado com o Absoluto, com a Jiva, a alma individual, distinta do nosso verdadeiro Eu. Jiva é imerso na ignorância e identifica o Atman com seu corpo, mente e sentidos. Segundo Shankara: "And that individual soul is to be considered a mere appearance of highest Self, like the reflexion of the sun in the water; it is neither directly that, nor a different thing. (...) and that ‘appearance’ is the effect of Nescience" (DEUTSCH 2004: 248). (E aquela alma individual deve ser considerada um mero aspecto do Eu supremo, como o reflexo do sol na água; não é diretamente aquilo, mas tampouco é outra coisa. (...) e aquele 'aspecto' é o efeito da Necedade").

Uma das tendência do Advaita que se seguiram as doutrinas de Shankara, a Vivarana, defende a idéia de pratibimba: o eu individual (jiva) seria apenas um mero reflexo, uma imagem distorcida, de Brahman, que seria o objeto que gera tal imagem (DEUTSCH 2004: 305). A confusão entre o objeto real e a imagem seria também Maya. Afirmar a existência do Maya e sua identidade com os fenômenos é decorrência direta da crença na realidade totalizante de Brahman.

Mas como articular a pluralidade e a contingência do mundo com essa natureza totalizante do Brahman? Shankara formula uma diferenciação entre dois níveis de compreensão do Absoluto. Em um nível mais elementar de entendimento, Brahman surge como Saguna: uma divindade (Isvara) pessoal, causa material e direta do mundo e objeto de culto e de rituais – seria o Brahman como pessoa, segundo os Vedas. Um reflexo do absoluto através do véu da ignorância, o avidya, conseqüência da tentativa de conhecer a Verdade com uma mente sob a influencia do Maya.

Posteriormente, seguidores de Shankara diferenciaram claramente o Maya como sendo o mundo como se apresenta, a ilusão, da avidya, ilusão subjetiva causada pelo Maya. Logo, este último tem um caráter objetivo, mesmo sendo imperfeito e ocultando o aspecto real e divino do mundo e do verdadeiro Eu. Tal conclusão distancia o Advaita de um idealismo subjetivo como o professado por George Berkeley, pois os objetos sensíveis existem, independente de serem percebidos ou não. Outra conseqüência é a possibilidade de confundir o Advaita com um tipo ilusionismo no qual o mundo seria mera "sombra sem substancia, uma pura ilusão, ou um vazio" (SATPRAKASHANANDA, 1965: 66). O mundo, então, não é um vazio ontológico: ele é apenas relativamente real, enquanto Brahman é absolutamente real.

Complementar a essa visão pessoal de Brahman, tem-se Nirguna – absoluto, sem finalidade, único, incriado, sem atributos – alcançado unicamente por um saber superior. O absoluto por excelência, livre de qualquer relação ou dependência, condição limite ou mudança. Isto faz dele um ser impessoal, impossível de ser descrito, pois ausente de qualquer determinação, ação ou vontade.

A diversidade e as determinações são evidentes no mundo material, desde os entes mais simples – pedras, vegetais, animais – até mesmo em um único ser humano, com suas diferenças de estados mentais e mudanças físicas. Não é possível enquadrar Nirguna nestes conceitos. Não possível qualificar Nirguna, seja como misericordioso ou como criador. Dotá-lo de atributos seria limitado. Referir-se a Nirguna é adotar tão somente uma via negativa, onde não se pode afirmar nada sobre ele sem limitá-lo de maneira ilegítima. Ele só surge como um deus pessoal, Saguna, quando é sobreposto ao Maya.

Shankara não está propondo uma divindade dual em sua essência. Esta separação seria conseqüência de nossa capacidade cognitiva e não da natureza de Brahman. Seriam dois pontos de vista acerca de uma mesma Verdade, uma absoluta (paramarthika) e outra relativa (vyavaharika). A primeira considera o Brahman como ele realmente é – Nirguna – e a segunda limita-se ao nossa percepeção e entendimento empírico, e vê Brahman como um deus, causa do mundo. A vyavaharika não teria validade em um nível cognitivo transcendental, fazendo do ato de aceita um Isvara como apenas uma crença limitada a uma realidade empírica, mas não como a última realidade absoluta.

Desse modo, o imutável Brahman é visto como mutável devido a superposição do não-eu (objetos) ao eu (sujeito, o Atman, identificado com o Brahman). As características dos primeiros são confundidos com as do segundo, gerando a confusão entre o real e o sujeito com o irreal e os objetos. É confundir o Eu com meu corpo, por exemplo. Daí a necessidade por parte da maioria dos homens, envolvidos na ignorância, em ligarem-se a rituais e na crença em um Isvara. É a alma individual, o jiva, em agindo em um plano cognitivo relativamente real. Ela se identifica com o corpo, a mente e os sentidos quando está sob a influencia do avidya. Mas quando toma conhecimento do Brahman, e não mais o confunde com Maya, o Eu é comparado com uma bolha que arrebenta em contato com o oceano, tornando-se um com Brahman.


4.2. A epistemologia do Advaita
A teoria do conhecimento é necessariamente articulado à ontologia da filosofia de Shankara. A necessidade de se explicar a relação entre Brahman e o mundo material gerou uma diferenciação quanto ao modo como podemos conhecer o Absoluto e não uma diferença na natureza dele mesmo. A separação entre Nirguna e Saguna advém de nossas capacidades cognitivas. O que leva a considerar tanto os aspectos empíricos como os aspectos metafísicos do conhecimento.

De um ponto de vista puramente metafísico, o conhecimento é identificado com a Pura Consciência, que está além da relatividade do sujeito individual. Essa Consciência é a priori, anterior a qualquer forma de existência material, não podendo ser negada ou afirmada. A existência dos objetos é dada pela luz vinda dessa Consciência, sendo ela, portanto, a última realidade. Os objetos referem-se a ela, mas ela não se relaciona e nem depende destes objetos. Brahman Jnana (o conhecimento de Brahman) não pode ser adquirido via dados empíricos, mas tão somente quando se supera a avidya e se compreende a real natureza do Maya. (SATPRAKASHANANDA, 1965: 15-18).

O conhecimento empírico é relacional, pois muda conforme os objetos. Seria um saber preliminar, tomado pela ignorância. Brahman, por exemplo, é entendido como causa material do universo e diretamente relacionado com o universo em função desta influencia da adhyasa que sobrepõem o Brahman Absoluto ao mundo como um todo. Segundo Padmapada, fundador do Vivarana Advaita

"Superimposition (adhyasa) means the manifestation of the nature of something in another which is not of that nature. That manifestation, it is reasonable to hold, is false (mithya). The world “mithya” is of double signification – it is denotative of negation as well of inespressibility. Here is an expression of negation" (DEUTSCH 2004: 308).
O fundamento do ato de conhecer é o Eu: ele é auto-evidente, não necessitando de provas ulteriores, como já foi afirmado. É o fundamento, no sentido de início, do ato de conhecer, é ele que ilumina os objetos a serem desvelados, isto é, conhecidos. Na base de cada eu individual está a onipresente consciência pura de Brahman. Ele se manifesta nas criaturas e, em uma clara ligação entre epistemologia e ontologia, faz com que as criaturas se manifestam, pela iluminação gerada pelo conhecimento.

Tal caráter revelador do conhecimento distancia o Advaita de filosofias da representação que tanto marcaram a filosofia ocidental durante os séculos XVI até o XIX. O ato que conhecer não é um acesso direto às representação mentais que fazemos dos objetos exteriores ao espírito e sim, segundo Shankara, é fazê-los presentes, desvelá-los. Tal epsitemologia distancia-se também de concepções construtivistas e interpretativas do conhecimento que se tornaram comuns no século XX.


Influência
Apesar de sua curta vida, sua influência foi desde logo imensa sobre a Índia e o Hinduísmo, combatendo veementemente o clericalismo e introduzindo uma forma purificada de pensamento Védico. Sua renovação do Hinduísmo tornou esta escola capaz de enfrentar o crescimento do Budismo, pavimentando o caminho para os movimentos teístas de Ramanuja e Madhva e contribuindo para o declínio do Budismo em grande parte da Índia. Também fundou diversos mathas, ou mosteiros. Suas crenças formam a base da tradição Smarta e influenciaram vários pensadores ocodentais contemporâneos..


Obras
Mais de 300 obras lhe são atribuídas, embora exista consenso dos estudiosos apenas sobre poucas. De autenticidade indisputada são:

Viveka Chudamani,
Upadesasahasri,
Comentário sobre o Brahma Sutra,
Comentário sobre o Brihadaranyaka Upanishad,
Comentário sobre o Taittiriya Upanishad,
Comentário sobre o Vishnu Sahasranama,
Um hino a Krishna (Bhaja Govindam), e
Uma bênção invocatória a Shiva e Shakti, respectivamente Sivanandalahari e Saundaryalahari
Também é ele provavelmente o autor de um famoso comentário sobre o Bhagavad-gita, embora haja alguma controvérsia a respeito.


Ver também
Hinduísmo
Vedas
Upanishads

Bibliografia
DEUTSCH, E. e DALVI, R. (ed.). The Essential Vedanta: a New Source Book of Advaita Vedanta. Indiana: World Winston, 2004.

GATHIER, E. O pensamento hindu. Rio de Janeiro: Agir, 1996.

HEGEL, G. W. F. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 2000.

MARITAIN, J. Introdução geral à filosofia. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1966.

MOORE, C. Filosofia: oriente e ocidente. São Paulo: Cultrix, 1978.

RENOU, L. Hinduísmo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1964.

REZENDE, A. (org.) Curso de filosofia: para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.

SCHARFSTEIN, B.A., A Comparative History of World Philosophy: from the Upanishads to Kant. Alabany: State Univ. of NY Press, 1998.

SATPRAKASHANANDA, S. Methods of Knowledge. Kolkata: Sdvaita Ashrama, 1965.


Ligações externas
Kasinath Tryambak Telang. Sankaracharya, o Filósofo e Místico
Adi Shankaracharya (em inglês)
Biografia e substancial indicação de bibliografia (em inglês)
Encyclopaedia Britannica online - verbete Sankara (em inglês)
Lista de obras (em inglês)
Ramana Maharshi Arunachala-Shiva Website Português sobre Ensinamento do Advaita Vedanta por este grande sábio.